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Setenta entidades repudiam mais um ataque de Gilvan a professores

Um ato de solidariedade acontecerá em escola onde vereador de Vitória ameaçou docente que abordou questão LGBTQIA+ em aula

Cerca de 70 entidades sociais divulgaram nesse domingo (20) uma carta de solidariedade à professora Rafaella Machado, da Escola Estadual de Ensino Médio Renato Pacheco, em Jardim Camburi, Vitória, que vem sofrendo ataques de grupos ultraconservadores. Um abaixo-assinado online criado por uma de suas alunas também começou a circular nas redes. Além disso, foi marcado para esta segunda-feira (21), às 17h, um ato em frente ao colégio, com o chamado “Todo mundo contra a LGBTfobia”.

Raffaela vem sofrendo perseguição e ameaças de pais de alunos e do vereador Gilvan da Federal (Patri) por usar conteúdo que aborda a questão LGBTQIA+ em sala de aula. Apesar da atividade da professora ter amplo respaldo legal e institucional, o vereador defensor do projeto Escola Sem Partido, que na verdade defende uma escola ultraconservadora, aproveitou a “denúncia” de uma mãe bolsonarista para fazer um ataque que não é apenas individual, mas também atinge a liberdade de todos os professores.

“O tema trabalhado em sala de aula pela professora Rafaella Machado está em completo acordo com todos os documentos oficiais que orientam a educação brasileira. O trabalho proposto pela professora é resultado de um amplo debate realizado no interior da escola e que envolve pedagogos e demais professores e professoras da unidade escolar. É portanto uma proposta educacional pensada a muitas cabeças e orientada pelo currículo da escola pública do Espírito Santo”, diz a carta capitaneada pelo coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação do Espírito Santo (Lute-ES), que rapidamente ganhou adesão de dezenas de outras organizações sociais.

“Atacar individualmente a professora é atacar a toda a comunidade escolar da Renato Pacheco e também toda a categoria do Magistério capixaba!”, complementa a carta, que expressa solidariedade a Rafaella Machado e a reconhece como uma professora consciente de seu papel enquanto educadora por um mundo livre de preconceitos. “Quanto aos conservadores, esses já deram provas mais que suficientes de que são incapazes de conduzir o debate público que contribua efetivamente para a melhoria da realidade do povo trabalhador e seus anseios mais urgentes. Que caiam todos eles”, diz o Lute-ES.

Na última sexta-feira (18), Gilvan foi até a escola buscando intimidar a profissional da educação. Em áudios do político conservador divulgados durante o fim de semana, ele prometia voltar ao colégio nesta segunda-feira, o que estimulou ainda mais a mobilização em apoio à professora e contra as propostas educacionais do vereador e seu grupo político.

“Mais uma vez, o vereador Gilvan da Federal dá mostras de sua incompetência para contribuir com um debate público que preze pela urbanidade e respeito à diversidade. Ocupa o parlamento apenas para promover discurso de ódio e perseguições, estando, aí sim, em total harmonia com o seu mentor político, o igualmente execrável presidente da República, Jair Bolsonaro”, afirma o coletivo com respaldo das demais organizações..

A liberdade de ensino e o pluralismo de ideias estão contidos em diversas normativas brasileiras, tendo base na Constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica.

A vereadora Camila Valadão (Psol), que vem sendo atacada sistematicamente por Gilvan na Câmara de Vitória, respondeu pontuando justamente o respaldo legal da abordagem e apontando as atribuições legais dos vereadores em relação à educação, que incluem a vistoria da infraestrutura dos ambientes escolares, acompanhamento da qualidade da merenda e do transporte escolar, fiscalização de obras, checagem das condições de trabalho dos educadores, identificação de falta de profissionais, entre outras.

Porém, ela aponta que não cabe ao vereador entrar em sala de aula sem autorização do gestor e do professor, interferir em uma aula ou questionar os conteúdos e estratégias didáticas, e pedir para ver registros, documentos e materiais pedagógicos usados pelos professores.

Confira abaixo a carta na íntegra e as entidades assinantes, até o fechamento desta matéria.

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