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Estudantes da Ufes decidem desocupar Reitoria

Universidade não garantiu, no entanto, que não abrirá processos contra participantes dos protestos

Os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) decidiram desocupar o prédio da Reitoria nesta quinta-feira (1). A decisão foi tomada em assembleia realizada nesta manhã, quando foi informado o resultado da reunião com a Administração Central. A ocupação teve início há três dias, em reação ao fechamento do Restaurante Universitário (RU).

Realizada na noite dessa quarta-feira (31), a reunião manteve as deliberações já acordadas entre os estudantes e a Administração Central, no entanto, o compromisso firmado pela universidade de não abrir processos administrativos contra quem pula roletas do RU não se manteve, como informa um estudante que não quis se identificar, por medo de represálias.

A Reitoria disse que não vai abrir processos contra quem já pulou, mas vai abrir para quem fizer o “roletaço” de agora em diante. O estudante afirma, ainda, que a Reitoria não acatou a reivindicação de não abrir processos contra quem participou dos protestos.

Além de representantes dos alunos, participaram da reunião o reitor Paulo Vargas; o vice-reitor, Roney Pignaton; e pró-reitores, como Gustavo Forde, da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci).

Divulgação

Entre os pontos acordados, estão a criação de uma comissão com representação dos universitários e da Proaeci para tratar de reivindicações como oferta de café da manhã, almoço e jantar nos RUs de todos os campi; qualificação e diversificação da comida; instalação de ventiladores ou ar-condicionado; abertura do restaurante aos finais de semana e férias; abertura do RUzinho, um anexo que fica fechado e cuja abertura é vista pelos estudantes como uma forma de evitar a superlotação; retirada das grades das janelas e portas; inclusão de suco e mais uma opção de sobremesa no cardápio.

Também foi mantida a elaboração de uma minuta por parte da Proaeci, a ser apresentada no prazo de até 20 dias, para debater o aumento da renda necessária para ter acesso aos auxílios estudantis oferecidos pela Ufes. Hoje, o valor é de até um salário mínimo – R$ 1,3 mil – e meio. A proposta é que seja de até dois salários.

Foram acrescidas às demandas, com compromisso por parte da universidade, a integração do nome social em todos os sistemas e portais da Ufes; ampliação do prazo de autorização temporária e emergencial de acesso gratuito ao RU mediante avaliação socioeconômica; e realização de estudos acerca da demanda de oferta de jantar no restaurante de Maruípe.

Conforme consta em nota publicada pela Ufes, foi dito aos estudantes que “algumas demandas apresentadas requerem a superação das limitações orçamentárias que a universidade ainda enfrenta atualmente”. 
Sérgio Cardoso

Denúncias

A professora do Departamento de Educação Física e coordenadora do projeto de extensão Fordan: Cultura no Enfrentamento às Violências, Rosely Pires, e a titular da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Agência da ONU para Refugiados na Ufes, Brunela Vincenzi, acionaram a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério da Educação (MEC), que inaugurou Procedimento de Assistência Jurídica (PAJ). Em ambas as iniciativas, as docentes demostram preocupação com o teor dos relatos contidos nas notas públicas divulgadas pela Ufes e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). 

Em uma delas, divulgada nessa terça-feira (30), o Movimento Estudantil afirma que se articula há tempos para uma campanha junto às entidades de base para refletir sobre os problemas relativos ao RU e que o valor da refeição aumentou em 200%, em 2007. “Relata ainda que houve a retirada do suco e a piora na qualidade da produção dos alimentos. O DCE informa que a Reitoria colocou grades em todas as janelas do RU, limitando a segurança em caso de emergência. Ainda, consta da referida nota, que durante a pandemia ficou notório o caso de entrega de marmitas com larvas, sendo que ainda hoje aparecem larvas nos pratos de comidas servidos no RU”, ressaltam as professoras.

Elas afirmam chamar atenção o relato de uso de violência no dia a dia do RU, indicando que já ocorreram casos de agressão durante mobilizações estudantis. Também resgatam os protestos desta semana, destacando que a ocupação da Reitoria começou após a universidade fechar o RU depois de um protesto no restaurante, no qual os estudantes bloquearam as roletas e permitiram o acesso de todos, gratuitamente, pela porta.

“Na mesma data em que foi divulgada a nota do DCE, a Ufes também divulgou nota sobre a questão, na qual informa que a manifestação ocorrida na segunda-feira, dia 29, causou grandes dificuldades para que o atendimento no RU fosse realizado, a tais dificuldades somaram-se um conjunto de situações que vêm-se acumulando, motivos pelos quais foi determinado a suspensão das atividades do RU”, dizem.

Conforme consta nas denúncias, a Reitoria informou também que os “roletaços” chegam a 500 por dia, causando prejuízos às condições de trabalho no restaurante, desorganização do processo produtivo e impactos no orçamento, além de haver situações de agressões contra trabalhadores do RU.

“A nota da Reitoria relata que foi criado um grupo de trabalho para estudar e propor melhorias nos restaurantes, sem indicar, todavia, quando foi criada e se já houve algum avanço proposto. Por fim, consta da nota da Reitoria que a Ufes mantém um Programa de Assistência Estudantil que assegura aos estudantes participantes a isenção do preço da refeição no RU, o que beneficia 4.500 estudantes de todo o estado”.

As professoras afirmam que, após divulgadas essas notas, “a comunidade universitária e a sociedade civil têm acompanhado com preocupação os acontecimentos que se seguiram ao fechamento do RU, o que nega o direito de alimentação de todos que dele necessitam para a manutenção de uma vida digna, o que só é possível com o fornecimento de alimentação”.

Apontam também que o direito à alimentação está garantido no artigo 6º da Constituição Federal. “Sendo assim, entendemos que os órgãos responsáveis pelo cumprimento de direitos humanos no estado do Espírito Santo devem intervir na situação aqui exposta para mediar o conflito, com a visita ao local, o agendamento de reuniões com as duas partes e a propositura de um processo de mediação a ser acompanhado pelas entidades”, finaliza a denúncia.


Atividades acadêmicas na Ufes retornam nesta quinta, com RU reaberto

Apesar de avanço em algumas pautas, ocupação realizada por estudantes na Reitoria prossegue, sem previsão de término


https://www.seculodiario.com.br/educacao/atividades-academicas-na-ufes-retornam-nesta-quinta-com-ru-reaberto

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