Manifestação foi motivada por acidente que vitimou uma estudante cadeirante devido à má inclinação de uma rampa
Alunos do Programa de Educação Tutorial (PET) Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (12), para reivindicar política de acessibilidade na instituição de ensino. A motivação para o protesto foi um acidente registrado no dia 25 de maio, quando a estudante de Pedagogia Vitória Reis, que faz parte do PET, tentou acessar a rampa do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN) e sua cadeira tombou para trás devido à má inclinação da estrutura.
Vitória relata que, com a queda, bateu a cabeça no concreto e ficou desacordada por um tempo. Após recuperar os sentidos, voltou a se dirigir ao evento “Acessibilidade e Inclusão no Contexto Universitário”, realizado pelo PET Cultura e no qual deu uma palestra. Posteriormente, foi ao médico, fez os exames, que não apontaram nenhuma consequência decorrente do acidente. “Senti muita revolta. Desde sempre cobro acessibilidade na universidade, mas como tive uma rede de apoio de amigos e familiares, não me abalei tanto”, diz.
A manifestação contou com o apoio dos outros 12 PETs da Ufes, que em preparação para o ato, realizaram oficinas de cartaz. O protesto teve início na rampa onde o acidente aconteceu, próximo à Cantina do Onofre. Os estudantes falaram palavras de ordem, pregaram faixas e cartazes, além de mobilizar alunos e professores para se juntar ao grupo. De lá, partiram para a Reitoria, onde prosseguiram com a manifestação.
Segundo Vitória, uma representante da Administração Central chegou a conversar com ela, disse que a universidade está elaborando propostas para acessibilidade, mas não falou a metodologia e quando serão apresentadas.
A questão da acessibilidade, diante das dificuldades apresentas por Vitória em sua vivência no campus de Goiabeiras, tem motivado o PET Cultura a se mobilizar em busca de soluções já há algum tempo. Conforme relata a estudante de Geografia e integrante do PET Cultura, Quezia Silva, pouco antes do acidente, já havia sido iniciado um mapeamento das áreas do campus com problemas de acessibilidade. Para isso, os estudantes contararam com o apoio da Prefeitura Universitária, que cedeu um arquiteto para ensinar a fazer esse documento. No entanto, a iniciativa esbarra no fato de que não há um profissional da área disponível para acompanhar os estudantes nessa atividade.
A elaboração do mapeamento, portanto, tem sido feita com dificuldade. Contudo, os estudantes prosseguem. A ideia, afirma Quezia, é encaminhar o material elaborado para o Núcleo de Acessibilidade da Ufes (Naufes), que coordena e executa ações relacionadas à promoção de acessibilidade e mobilidade, além de acompanhar e fiscalizar a implementação de políticas de inclusão das pessoas com deficiência na Educação Superior, com foco no acesso e permanência.
A manifestação pela acessibilidade é a segunda realizada pelos estudantes em menos de duas semanas. Em 1º de junho, eles colocaram fim à ocupação da Reitoria após protestos por melhorias no Restaurante Universitário (RU), que vão desde a melhoria na qualidade da comida até possibilidade de acesso gratuito de estudantes de origem popular no RU.