A situação, afirma o diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, é consequência da falta de diálogo da gestão de Lorenzo Pazolini [Republicanos] com a comunidade escolar e da desvalorização dos trabalhadores da educação.
Aguinaldo informa que o problema já foi reportado para a Seme, que diz que resolverá a situação, mas não estabelece prazos. O que tem sido feito é “tapar buracos”, como colocar professores em horário de planejamento para acompanhar as turmas nos horários das aulas que não têm docentes, atrapalhando não somente o planejamento desse profissional, mas também “desorganizando a escola como um todo”.
Aguinaldo explica que a elaboração curricular, antes, era de responsabilidade da escola, “que escolhia o melhor caminho para ela”. Com a atual gestão municipal, isso passou a ser feito pela Secretaria Municipal de Educação (Seme).
O que acontece na EMEF Octacílio Lomba, relata o professor, é que foi destinada ao docente de Ciências uma carga horária de oito horas, o que impossibilita atuar em outra unidade de ensino com uma carga horária de 25h, ganhando mais. “Entre pegar uma carga horária de oito horas e uma de 25, o professor pega a de 25”, diz.
Os alunos se mostram preocupados com a situação. “Muitos querem fazer prova do Ifes [Instituto Federal do Espírito Santo] este ano. A gente não tem para onde recorrer para garantir o nosso direito. Além disso, ano que vem teremos disciplinas que precisam de conhecimento de Ciências, como Biologia e Química, e isso nos preocupa”, ressalta Júlia Ramos.
Na Prezideu Amorim, segundo Aguinaldo, a professora de Matemática mora em Vila Velha e conseguiu oportunidade de dar aula no município onde reside por um salário melhor. “A educação municipal de Vitória, que já foi referência no país, perdeu credibilidade”, desabafa.
Para ele, “não há preocupação de fato com o futuro das crianças”. Aguinaldo recorda que, nessa mesma escola, no ano letivo de 2022, os estudantes chegaram a ficar 15 dias sem aulas de Geografia, pois o professor teve que tirar uma licença médica e a Seme não providenciou outro profissional.