Mobilização por condições de permanência estudantil continua na Ufes
Uma demanda histórica do movimento por permanência estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a oferta de café da manhã nos Restaurantes Universitários (RU) foi anunciada pela Reitoria, liderada por Eustáquio de Castro e Sônia Lopes, para 2025, porém ainda sem data. A promessa foi reafirmada como parte do plano de gestão, mas não atende às expectativas dos estudantes, que consideram a medida uma demanda urgente, especialmente para alunos em situação de vulnerabilidade. Um ato é previsto para ser realizado na primeira semana do próximo ano letivo, e circula um abaixo-assinado para coleta de assinaturas.
A Reitoria da Ufes informou, em nota, que o reitor Eustáquio de Castro “está empenhado em concretizar esta medida, mas a confirmação depende do orçamento da instituição para o próximo ano”. Para a estudante de História Yasmin Reis, “a demora contraria o caráter emergencial da demanda”. Ela ressalta que “essa é uma luta essencial para os estudantes” e destaca “o contexto de alta nos preços dos alimentos, que já impacta diretamente a qualidade das refeições servidas no RU”.
Yasmin é militante do Movimento Correnteza, um dos grupos mobilizados para cobrar a implementação da medida, e que considera a inclusão tardia do café da manhã o mesmo que ignorar a realidade de estudantes que carecem dessa refeição para conseguir cumprir suas atividades acadêmicas e enfrentam dificuldades para custear as opções de alimentação oferecidas nas cantinas do campus.
“O RU tem servido embutidos de baixa qualidade em vez de carne, o que preocupa ainda mais diante da possibilidade de aumento nos preços das refeições. Precisamos de respostas e ações concretas agora”, cobrou.
Além do abaixo-assinado, o movimento planeja outras ações, como campanhas de arrecadação coletiva para realizar “cafezaços”, organizados por meio de contribuição solidária para fortalecer a luta pela permanência estudantil e engajar a comunidade acadêmica em torno das demandas.
Yasmin também alertou sobre os impactos dos cortes orçamentários na educação, que têm comprometido as condições que impactam diretamente o cotidiano dos estudantes nas universidades. “Mesmo em um governo que se diz de esquerda, os cortes são massivos. Isso impacta diretamente nossas demandas de permanência, e é por isso que é tão importante continuar pressionando e mobilizando os estudantes”, afirmou.
Em um contexto de escassez de recursos e redução de investimentos, ela aponta diversos obstáculos que prejudicam e ameaçam a finalização da trajetória dos estudantes na universidade. Entre as principais demandas, destaca a necessidade do transporte universitário entre os campus; medidas de segurança, como melhorias na iluminação; saúde, com a instalação de postos farmacêuticos e de pronto-atendimento; e iniciativas para combater os altos índices de dengue, especialmente nos campi construídos sobre área de manguezal.
Outra pauta que reflete a urgência de um ambiente universitário mais inclusivo, seguro e saudável é a necessidade de implementação de cotas para pessoas trans na universidade. “Nós temos avançado muito pouco em comparação com outras universidades, como UNB, UFRGS e Unicamp, que já conquistaram as cotas trans. Essa também é uma luta essencial”, acrescentou.