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Estudantes lutam por café da manhã e condições de permanência na Ufes

Oferta de refeição no período matutino foi promessa de Reitoria eleita

A luta por permanência acadêmica e condições adequadas de ensino mobiliza novas ações de estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), para avançar em reivindicações como o café da manhã no Restaurante Universitário (RU) e melhorias na iluminação nos campi. Uma plenária será realizada nesta quarta-feira (13), com o objetivo de discutir as demandas e organizar futuras manifestações.

A mobilização é puxada pelo Movimento Correnteza e Movimento de Mulheres Olga Benario, que também organizam um abaixo-assinado sobre as questões.

A oferta do café da manhã no RU foi uma promessa da chapa vitoriosa para a Reitoria, liderada por Eustáquio de Castro e Sônia Lopes. “A nossa reivindicação também conversa com uma das propostas da Reitoria, que é iniciar o café da manhã no R.U., com a ajuda do CAs [Centros Acadêmicos] e DAs [Diretórios Acadêmicos], nossos parceiros no movimento”, afirma a estudante de História e militante do Movimento Correnteza, Yasmin Reis.

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Ela menciona limitações como o arcabouço fiscal, que restringe o repasse de recursos financeiros para a universidade, e o fato do atual orçamento federal priorizar o pagamento da dívida pública em detrimento de investimentos na educação, o que torna ainda mais necessária o envolvimento da comunidade acadêmica para pressionar e garantir os direitos dos estudantes.

A reivindicação por café da manhã tem se tornado cada vez mais urgente, como uma medida essencial para a permanência estudantil, indica a liderança estudantil. “Muita gente não mora perto da universidade, sai de casa muito cedo, e se depara com lanches caros e nem sempre nutritivos nas cantinas”, destaca.

A prática, já adotada em outras universidades, poderia beneficiar os estudantes que dependem da alimentação para cumprir suas atividades acadêmicas, reforça Yasmin. Para reforçar a cobrança por essa medida, os movimentos estudantis promoverão ações como “cafezaços” e campanhas de arrecadação.

Outro ponto crítico denunciado pelos estudantes é em relação à insegurança causada pela falta de iluminação adequada nos campi, especialmente no período noturno. “A Ufes não investe o necessário para ter uma iluminação de qualidade no período noturno. No campus de Goiabeiras, temos poucas lâmpadas e muitas delas não funcionam, o que gera insegurança, especialmente para as mulheres”, ressalta.

A falta de iluminação também compromete a segurança da comunidade acadêmica nos demais campi, como é o caso de Maruípe, onde, apesar de não haver aulas à noite, o espaço é frequentado por estudantes e pela comunidade externa que utiliza o Hospital Universitário. “Nossa reivindicação, junto com o movimento de mulheres, é que a universidade invista em iluminação de qualidade, entendendo que isso também é uma questão de permanência estudantil”, defende Yasmin.

Ela também menciona as dificuldades enfrentadas pelos estudantes que precisam se deslocar entre os campi da Grande Vitória. “A falta de transporte universitário entre Goiabeiras e Maruípe é uma questão que já deveria ter sido resolvida pela Ufes”, considera.

Apesar de diálogos abertos com a Reitoria e criação de um grupo de trabalho (GT) após manifestações em 2023, não houve avanços concretos em relação à precariedade das condições de permanência na Ufes, observa. Segundo ela, o GT não conseguiu avançar nas demandas apresentadas, e as soluções propostas ficaram restritas a promessas, sem a implementação de medidas concretas para resolver os problemas apontados pelos alunos.

“Esse GT se reuniu com representações estudantis e da Reitoria logo após a ocupação, mas as lutas não avançaram, em parte devido a outras questões que surgiram, como a greve, o que fez com que uma situação atropelasse a outra. Agora, com a universidade retornando à sua normalidade, há a necessidade de retomar essa luta com mais força”, avalia a estudante.

Ocupação em 2023

No ano passado, a luta pelo direito à alimentação e permanência levou os estudantes a ocuparem a Reitoria, na época chefiada por Paulo Vargas, e a fecharem os portões de acesso à instituição, em um dia de paralisação para pressionar a administração a atender as reivindicações apresentadas pelo Diretório Central dos Estudantes.

A manifestação foi desencadeada após a universidade suspender o funcionamento do RU no jantar e no dia seguinte a um protesto dos estudantes contra a ameaça de processos administrativos para aqueles que “pulam a roleta”, uma prática atrelada às dificuldades enfrentadas por alunos em situação financeira mais vulnerável, pois muitos não têm condições de pagar o valor cobrado de R$ 5,00 por refeição.

Na ocasião, o movimento bloqueou a roleta do RU e permitiu que todos os alunos acessassem o almoço sem precisar passar pelo pagamento. A suspensão das refeições, sob alegação de problemas técnicos e dificuldades para descongelar os alimentos, afetou todos os estudantes que dependiam do restaurante para garantir sua alimentação e foi vista como uma retaliação da universidade ao movimento estudantil. Essa ação gerou ainda mais indignação e foi uma das principais razões para a ocupação da Reitoria e a paralisação do campus.

Os estudantes exigiam gratuidade do RU para todos, a ampliação da oferta de refeições para café da manhã, almoço e jantar em todos os campi, reabertura do RU aos finais de semana e nas férias, melhoria na qualidade da alimentação, e a retirada das grades de segurança que limitavam o acesso em casos de emergência. Eles também reivindicavam a ampliação da faixa de renda para os auxílios, maior transparência na gestão orçamentária do RU, e a realização de concurso público para os trabalhadores do restaurante, visto que a redução da equipe comprometeu a qualidade do serviço e provocou situações de insatisfação, como o aparecimento de larvas na comida.

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