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Estudantes reivindicam ‘cidade sem roleta’ nas ruas de Vitória

Ato em defesa de tarifa zero no transporte foi motivado por novo aumento na passagem do Transcol

Leonardo Sá

Com o mote “Por uma cidade sem roleta”, estudantes se uniram no ato em defesa de tarifa zero no transporte público do Espírito Santo, realizado na noite dessa quarta-feira (7), em Vitória. O protesto foi articulado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e contou com o apoio de diversas organizações estudantis.

Os participantes iniciaram a concentração às 17h, na Praça de Jucutuquara, ao lado do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Mais tarde, seguiram com cartazes e gritos de protesto até a Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, onde o ato foi finalizado por volta das 20h.

A mobilização foi motivada pelo reajuste de 4,44% na tarifa dos ônibus do Sistema Transcol, da Grande Vitória, que passou a valer no último dia 14 de janeiro. O valor diário subiu de R$ 4,50 para R$ 4,70. Já a tarifa promocional aos domingos (pagamento com cartão cidadão) passou de R$ 3,90 para R$ 4,10, e o da Bike GV, de R$ 2,25 para R$ 2,35.

O DCE classifica o aumento como “arbitrário”, tendo em vista a ausência de melhorias efetivas no transporte. “Defendemos que o transporte público do Estado, tanto da região metropolitana quanto do interior, seja administrado e gerido pelo governo estadual. A influência e a gestão da iniciativa privada no transporte público do Estado fazem com que todos os anos, reiteradamente, nós tenhamos que lidar com o aumento dos preços das passagens”, comenta a estudante de Pedagogia Nicoly Moura, diretora de Organização do DCE da Ufes.

Este ano, em vez de convocar protestos imediatamente após a divulgação do aumento, o DCE da Ufes decidiu apostar em uma agenda mais ampla de defesa de tarifa zero no transporte público, e a escolha da data visou dar tempo para uma mobilização junto à classe trabalhadora e para a volta às aulas dos estudantes secundaristas.

O ato dessa quarta-feira não contou com a presença de representantes de sindicatos e lideranças de esquerda do Estado. Ainda assim, o DCE tem como objetivo concretizar uma frente ampla e permanente de atuação para garantir, a toda a população, o direito à cidade. 

Passe livre no Brasil

Em 2023, o Brasil chegou a 84 cidades que aboliram a cobrança de tarifa no transporte público urbano todos os dias da semana, segundo reportagem da Agência Brasil. Somente no ano passado, 22 municípios decidiram aderir ao passe livre pleno, o maior número até o momento em um mesmo ano.

Das 84 cidades, 24 estão em São Paulo, 23 em Minas Gerais, dez no Paraná e nove no Rio de Janeiro. Entre as cidades com maior população que aboliram a tarifa estão Caucaia (CE), com 355 mil habitantes; Maricá (RJ), com 197 mil; Ibirité (MG), com 170 mil; Paranaguá (PR), com 145 mil; e Balneário Camburiú (SC), com 139 mil.

Em junho de 2013, quando protestos de rua sacudiram o Brasil, a luta por tarifa zero no transporte público soava para muitos como mera utopia. Atualmente, a adoção da medida tem sido encarada como uma solução para o desequilíbrio econômico no sistema de transporte em todo o Brasil. Somente a cidade de São Paulo – que adotou tarifa zero aos domingos no fim do ano passado –, perdeu um 1 bilhão de passageiros entre 2013 e 2022, segundo o pesquisador Rodrigo Santini.

Investir em transporte público gratuito e de qualidade também passou a ser visto como uma alternativa ao estrangulamento do trânsito provocado pelo transporte individual nas grandes cidades, bem como uma forma de diminuir radicalmente as emissões de carbono e ajudar a frear as mudanças climáticas.

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