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Estudo da Ufes aponta desigualdades regionais e raciais nos riscos da Covid-19

Em parceria com Universidade de Cambridge, astrônomos aproveitaram ferramenta utilizada na medicina para filtrar dados

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) publicaram uma pesquisa em parceria com a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que ajuda a entender por meio de estatísticas as diferenças regionais e raciais no contágio do novo coronavírus no Brasil.

O Grupo Cosmologia e Gravitação, que integra também o grupo interdisciplinar “CCE/Ufes Covid-19”, aproveitou o conhecimento de programas de inteligência artificial que também são usados na área da Medicina, para conseguir a análise de dados disponibilizados pelo Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), que permitiu filtrar quase 100 mil pacientes brasileiros.

Os pesquisadores de Astronomia buscaram contato com Mihaela Van der Schaar, professora de Inteligência Artificial e Medicina do Centro John Humphrey Plummer da Universidade de Cambridge, que contribuiu com o estudo “Variação étnica e regional na mortalidade por Covid-19 em hospitais no Brasil”.

“A gente utiliza essas ferramentas para estudar tipos de galáxias e supernovas, que são explosões de estrelas. Mas os métodos são os mesmos e a gente consegue aplicar para analisar e ajudar no combate ao coronavírus”, explica Valerio Marra, professor do departamento de Física da Ufes.

Sobre o resultado obtido, ele aponta para uma grande variação entre Norte (regiões Norte e Nordeste) e Sul do Brasil (Sul, Sudeste e Centro-Oeste). “Muda por exemplo os fatores de comorbidades, e a gente acha que seja por conta do diferente grau de desenvolvimento socioeconômico”.

Valerio Marra chama atenção para o fato do estado do Rio de Janeiro destoar do restante da região Centro-Sul do país, apresentando a quarta taxa de risco mais alta, em nível próximo à maioria dos estados do Norte-Nordeste. O segundo estado do Centro-Sul com maior taxa de risco é justamente o Espírito Santo, com a décima primeira maior taxa de risco do país.

Outro fator evidenciado pelo estudo, que o professor indica que corrobora o que já vem sendo afirmado, é o maior risco de mortalidade entre pretos e pardos no Brasil. Entre as variáveis analisadas, depois do fator etário, os que reúnem maior letalidade está a condição de pardos e pretos, intermediados pelo fator doença neurológica e seguidos por obesidade e doenças pulmonares.

Na avaliação do professor e pesquisador, o Espírito Santo aparece como local de risco mediano e com um índice de confinamento dentro da média. Porém, devido ao crescimento exponencial, os dados precisam ser avaliados periodicamente para permitir novas leituras.

A pesquisa publicada na parceria entre Ufes e Cambridge é apenas a primeira de uma série de estudos que os pesquisadores pretendem realizar como contribuição da ciência para ajudar no combate ao Covid-19.

Outro pesquisador, o doutor em Física Pedro Otavio Baqui, diz que o grupo já realiza outros levantamentos com base nos dados disponíveis. Os estudos poderiam ter ainda mais variantes, caso outras informações estivessem disponíveis nos sistemas.

Além de fazer estudos específicos sobre o Espírito Santo, o grupo pretende analisar cada região do Brasil de forma separada, já que o primeiro estudo se dividiu nas diferenças entre as macrorregiões Norte e Sul.

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