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‘Falta transparência nos dados da consulta pública para escola cívico-militar’

Entidades e comunidade escolar de Cariacica também criticam falta de diálogo sobre o modelo proposto

O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (DEM), anunciou em suas redes sociais que a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Cerqueira Lima, em Jardim América, será transformada em colégio cívico-militar. “A maioria da comunidade de Jardim América disse sim à escola cívico-militar”, exaltou. Entretanto, a comunidade escolar e entidades da sociedade civil do município questionam não somente a forma como foi realizada a consulta, mas também a falta de diálogo com alunos, professores e profissionais da educação. Esta é a segunda unidade desse tipo anunciada pelo prefeito em pouco tempo, alinhado ao programa idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Foto: Elaine Dal Gobbo

A consulta pública foi realizada, virtualmente, no dia 31 de março. Segundo o a prefeitura, o projeto da escola cívico-militar busca atender inicialmente entre 600 e 1.000 alunos da rede municipal do 6º ao 9º ano, nos turnos matutino e vespertino. Além disso, está previsto o apoio do governo federal, disponibilizando profissionais das forças armadas com formação pedagógica para atuar com o corpo docente da unidade, ampliação dos espaços pedagógicos e possíveis reformas necessárias para adequação da unidade de ensino ao modelo proposto.

O integrante do Conselho Municipal de Educação de Cariacica e coordenador da Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc), Dauri Correa, relata que a consulta foi feita com foco na comunidade escolar, ou seja, profissionais da educação, estudantes e seus familiares, que poderiam votar. Porém, um link de formulário do Google Forms foi enviado para o chat, fazendo com que qualquer pessoa pudesse ter acesso e dar seu voto.

Além da organização da votação, Dauri questiona também a transparência no resultado, uma vez que não foi divulgado o número de favoráveis e contrários. O integrante do Conselho destaca que uma escola cívico-militar é algo complementar ao que já é oferecido na educação, mas, defende, quando o que é ofertado pelo sistema municipal de educação ainda não tem 100% de eficiência, é impossível implantar algo que complemente.
“Cariacica está abaixo da média do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], e isso não é culpa da comunidade escolar. Tem aluno que não tem livro, não tem uniforme, escola onde falta água e alimentação. Isso tudo interfere na evolução dos alunos”, diz Dauri.

Ele destaca, ainda, que existem bairros nos quais o acesso à educação pública ainda é dificultado, como Santa Bárbara, Parque Gramado, Campina Grande e Tiradentes. Essas comunidades da região 12, como alerta o coordenador da Famoc, não contam com escolas de ensino fundamental que ofereça vagas do sexto ao nono ano.

Falta de diálogo 

A integrante do Coletivo Educação Pela Base e professora da EMEF Professor Cerqueira Lima, Israel Bayer, critica a falta de diálogo da gestão municipal com a comunidade escolar. De acordo com ela, docentes e diretores foram chamados para uma reunião com representantes da Secretaria Municipal de Educação, ocorrida em 29 de março, na qual foi apresentada a proposta de transformar a unidade de ensino em escola cívico-militar, mas sem dar detalhes sobre como será, nem abrir possibilidade para tirar dúvidas e fazer questionamentos.
Israel relata que, após a reunião com a Secretaria, os professores dialogaram entre si e a maioria se mostrou contrária à implantação de uma escola cívico-militar. “Temos muitos questionamentos. Como vai ser? Vai funcionar em turno integral? O conselho de escola não foi consultado, a direção da escola não foi consultada. A comunidade escolar não foi procurada para apresentação dos dados da votação. Como querem fazer uma mudança que impacta na vida de tanta gente sem nem dizer como isso vai funcionar?”, reclama.
A professora também questiona a metodologia de ensino das escolas cívico-militares, que, como ressalta, é pautada “na verticalidade, obediência e na ausência da diversidade”. Dauri também critica a metodologia desse modelo de ensino, que, em sua opinião, “não promove a a formação cidadã e é defendido por quem é contra o estado laico”.
A EMEF Professor Cerqueira Lima será a segunda escola cívico-militar do município, já que, em 18 de fevereiro, foi dada ordem de serviço para a primeira instituição, no bairro Itanguá.
Escola Cívico Militar de Viana. Divulgação/Prefeitura de Viana

Escolas cívico-militar na Grande Vitória

A implantação desse tipo de escola não é exclusividade de Cariacica. Em Viana, desde 2020 esse modelo de ensino se tornou realidade. Em Vitória, foi aberta consulta pública para que professores e responsáveis por alunos da rede de 6º ao 9º ano do ensino fundamental possam opinar sobre a implantação de uma escola cívico-militar.

Em suas redes sociais, em nove de março, a deputada federal Soraya Manato (PSL) anunciou a implantação de escolas cívico-militares em Vila Velha, Vitória, Serra e Cariacicapor meio do Programa Nacional das Escolas Cívico Militares, gerido pelos ministérios da Educação e da Defesa.


Vitória realiza consulta sobre escolas cívico-militares

Ação faz parte do processo de implementação do modelo escolar que é questionado por movimentos sociais e educacionais


https://www.seculodiario.com.br/educacao/vitoria-realiza-consulta-sobre-escolas-civico-militares


Escolas cívico-militares na Grande Vitória preocupam profissionais da educação

Viana inaugurou uma, Cariacica deu ordem de serviço, e Serra e Vitória já sinalizaram possibilidade de implantar o modelo


https://www.seculodiario.com.br/educacao/escolas-civicos-militares-sao-pautadas-no-autoritarismo

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