Docentes decidiram, em plenária, manter suspensos os serviços e as aulas no campus de Goiabeiras
O segundo dia da greve dos docentes da Universidade Federal do Estado (Ufes) mantém fechado o campus de Goiabeiras, em Vitória, e a suspensão das atividades. No entanto, está liberado o acesso, pelo portão Norte (em frente ao Hospital Metropolitano), de funcionários para garantir o funcionamento do Restaurante Universitário (RU) e da Escola Experimental, da Prefeitura de Vitória, áreas que geraram polêmicas do início do movimento, nessa segunda-feira (15).
As decisões foram debatidas em reunião na tarde dessa segunda entre o Comando de Greve e a Reitoria da Ufes, após protagonizem ruídos no primeiro dia de paralisação. Os docentes realizaram uma nova plenária, à noite, em que ratificaram as medidas e a continuidade do movimento, que é nacional.
No caso da escola municipal, está autorizado o acesso de servidores, alunos e pais. Trabalhadores bancários também poderão entrar no campus, para a realização de atividades internas.
Nos campi da Ufes de Maruípe, Alegre (sul do Estado) e São Mateus (norte), os acessos seguem liberados, assim como as atividades acadêmicas e administrativas.
Segundo a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), o reitor, Eustáquio de Freitas, se comprometeu a não judicializar o movimento, “por entender que defende pautas positivas e o conjunto das universidades federais”.
Outro encaminhamento foi o envio de um ofício à Administração Central para denunciar “os inúmeros casos de assédio registrados por parte de departamentos e suas chefias, com produção de listas de grevistas” e até mesmo a realização de reuniões para deliberar sobre o movimento, o que “não faz parte das atribuições de departamento e cerceia o direito à greve deflagrada legitimamente após assembleia geral da categoria”.
O ofício tratará, ainda, dos casos de aulas online durante a greve, o que não tem respaldo legal de acordo com a Pró-reitoria de Graduação (Prograd). O Comando de Greve também defende a suspensão do Calendário Acadêmico.
No Brasil, a greve dos docentes atinge 24 universidades, institutos federais (Ifes) e Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefets) até agora, como aponta o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). O movimento é por tempo indeterminado.
Reivindicações
Os docentes da Ufes cobram 22,71% de reajuste salarial em três parcelas iguais de 7,06%, nos meses de maio de 2024, 2025 e 2026. Contudo, o Governo Federal sinalizou que não atenderá à pauta este ano. A categoria
Outra demanda não atendida foi a realização do “revogaço” das medidas do Governo Bolsonaro, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 32, que trata da reforma administrativa, que ainda tramita no Congresso Nacional.
Soma-se a esse cenário, segundo a Adufes, a precarização das condições de trabalho e o subfinanciamento das universidades federais, institutos federais e centros federais de educação tecnológica. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que 100% das universidades federais receberam, entre 2010 e 2022, valores inferiores ao necessário para manter o patamar de despesas por matrículas.
Já os técnico-administrativos da Ufes, que deflagraram greve no mês passado, reivindicam reajuste salarial de 34,32%, divididos em cerca de 10% nos anos de 2024, 2025 e 2026. O Governo Federal também não acenou para essa possibilidade em 2024, jogando a questão para os próximos dois anos, com índices de 4,5%. Os servidores também reivindicam reestruturação da carreira, já que vários cargos foram extintos, o que impossibilita a realização de concurso público.
Já os docentes e profissionais técnico-administrativos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) reivindicam recomposição salarial, reestruturação de carreira para os técnico-administrativos e recomposição orçamentária e de pessoal.