Apenas 28 municípios capixabas anunciaram oferecer Educação de Jovens e Adultos em 2021
O Fórum de Educação de Jovens e Adultos (EJA) afirma que, no Espírito Santo, está sendo negado o direito a jovens, adultos e idosos de ter acesso à educação. A afirmação tem como base a pesquisa feita pela Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), apresentada nessa quinta-feira (21). O levantamento mostra que 63% dos municípios, ou seja, 48, não atendem demanda da EJA, que é atendida somente por 37%, portanto, 28 cidades.
Dos 78 municípios capixabas, 76 responderam ao questionário que embasou o levantamento. As únicas exceções foram São Gabriel da Palha, no norte; e Ibitirama, no Caparaó. As cidades que afirmaram atender ao público alvo da EJA foram Anchieta, Guaçuí, Itapemirim, Marataízes, Piúma, Presidente Kennedy, Rio Novo do Sul, no sul; Baixo Guandú, Conceição da Barra, Jaguaré, Montanha, Nova Venécia, Pedro Canário, Pinheiros, Rio Bananal, São Mateus, Sooretama, no norte; Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, na Grande Vitória; Domingos Martins, Marechal Floriano e Santa Teresa, na região serrana; e Ibatiba, no Caparaó.
Um dos integrantes do Fórum, Carlos Fabian de Carvalho, afirma que na última década a EJA tem sido sucateada. Ele recorda que, em seu último mandato, o então governador Paulo Hartung fechou várias turmas, principalmente as do campo, além de ter feito mesclamento de escolas, ou seja, uniu colégios. De acordo com Fabian, nos municípios em que a EJA existe, dificilmente há oferta por parte de ambos os poderes, o estadual e o municipal. Isso faz com que a oferta seja precária, como afirma.
Fabian denuncia que houve maior concentração de escolas com EJA nas regiões centrais da cidade, o que também dificulta o acesso dos estudantes ao serviço educacional. “Se antes o aluno teria que percorrer, dois, três, quatro quilômetros, ele passa a percorrer muito mais para chegar à escola. Existe toda uma estrutura de exclusão para justificar que o aluno não quer estudar, pois essa é a justificativa dada para não se investir na Educação de Jovens e Adultos, que há oferta, mas a demanda é baixa. Aí a gente questiona: oferece onde? Como? Em qual horário?”, denuncia Fabian.
O integrante do Fórum de EJA declara que em alguns lugares o município oferta do primeiro ao quinto ano. Alguns, até o nono. O ensino médio, explica, é de responsabilidade do governo do Estado. Portanto, dificilmente há possibilidade de o estudante dar prosseguimento aos estudos no mesmo município. Fabian salienta ainda que, além de não haver oferta em condições de acesso para todos jovens, adultos e idosos, essa oferta é precarizada, a exemplo da implantação, desde 2016, do ensino semipresencial, por meio do qual o estudante tem aula presencia três vezes por semana e estudo orientado outras três vezes, mas sem garantia de infraestrutura para isso.