Mobilização foi até a sede da prefeitura, onde tentou diálogo com a gestão municipal, sem sucesso
O protesto contra o retorno das aulas presenciais em Vitória, anunciado para a próxima segunda-feira (10), mobilizou mais de 100 carros que saíram do campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, e foram até a Prefeitura Municipal de Vitória (PMV), como informa Ana Paula Rocha, professora e integrante do Coletivo Educação Pela Base. Na sede da administração municipal, os manifestantes tentaram dialogar com gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), mas sem sucesso. O ato desta sexta-feira (7) foi realizado por 15 entidades.
Ana Paula relata que o grupo foi informado de que, tanto o prefeito quanto o secretariado estavam em uma reunião na faculdade Fucape. A realização do protesto, no entanto, já era de conhecimento, pois foi divulgado antecipadamente, inclusive na imprensa.
Os manifestantes queriam se reunir com a gestão, já que afirmam que as decisões que envolvem a educação são tomadas sem escuta da comunidade escolar.
Em frente à prefeitura, foram colocados cruzes e bonecos, representando trabalhadores que foram vítimas da Covid-19. Também foram fixados cartazes com frases como “vacinas se recuperam, vidas não”, “vacina para toda a comunidade escolar”, “volta sem vacina é chacina” e “retorno com segurança”.
Ana Paula avalia como positiva a manifestação, já que, durante o trajeto, o grupo recebeu o apoio de diversas pessoas. Quanto à possibilidade de retorno das aulas presenciais em todo o Estado, cujo anúncio está previsto para esta sexta-feira (7), na apresentação do Mapa do Risco, a integrante do Coletivo Educação Pela Base afirma que a comunidade escolar está apreensiva.
“O Governo do Estado vai mudando os critérios do mapa, como já fez algumas vezes, por exemplo, quando permitiu as aulas presenciais em municípios de risco moderado. Existe, ainda, a pressão dos empresários pelo retorno presencial, além do lobby da base bolsonarista”, diz.
O professor da rede municipal de ensino e integrante da Comissão de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana da Arquidiocese de Vitória (CPDH), Carlos Fabian de Carvalho, afirma que a comunidade escolar “não vê a hora de retornar às atividades presenciais”. Entretanto, questiona: “devemos nos arriscar a morrer e matar nossos estudantes e familiares? Qual é a sensatez em anunciar o retorno às aulas antes da divulgação do Mapa de risco elaborado pela Secretaria Estadual de Saúde?”.
Carlos Fabian também denuncia as condições de trabalho e a exclusão de estudantes devido à falta de investimento em ações necessárias para a realização das atividades virtuais.
Além dessa entidade, da CPDH e do Coletivo Educação Pela Base, também fazem parte da organização a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes); Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Vitória (Sindismuvi); Fórum de Educação de Jovens e Adultos; Instituto Raízes; Campanha Nacional pelo Direito à Educação; mandato da vereadora Camila Valadão (Psol); CSP Conlutas; Sindicato dos Professores do Espírito Santo (Sinpro/ES); Fórum de Diretores de Vitória; Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Tecnológica e Profissional (Sinasefe/Ifes); Coletivo Juntos Pela Educação Pública; e Frente Popular em Defesa do Direito à Educação