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Mais de 49% das escolas de Vitória estão em ilhas de calor

Capital capixaba lidera ranking da região Sudeste em estudo do MapBiomas

Um estudo do MapBiomas revelou que quase metade das escolas de Vitória está localizada em ilhas de calor urbanas, registrando temperaturas até três graus acima das áreas externas. Com 49,7% das escolas analisadas nessa condição, a Capital capixaba é a primeira da região Sudeste e sétima do Brasil com maior proporção de unidades escolares sob esse impacto, ficando atrás apenas de Manaus (77,7%), Macapá (76%), Boa Vista (69,1%), São Luís (65,2%) e Porto Velho (62,6%).

A pesquisa comparou o desvio de temperatura da superfície no local de cada escola com a média da temperatura do entorno urbano ao longo de 2023. Esse desvio é um indicador da presença de uma ilha de calor urbana.

O levantamento investigou 155 escolas públicas e privadas de Vitória e mais de 20 mil escolas pelo Brasil, a partir de perguntas do Instituto Alana para avaliar estabelecimentos de ensino infantil e fundamental, considerando fatores como temperatura interna e externa, áreas verdes no lote, presença de praças e parques no entorno, além da preparação para desastres climáticos. A pesquisa também abordou como essas unidades contribuem para a desigualdade no acesso à natureza e para o racismo ambiental.

Os dados revelam que 28% das escolas de Vitória não possuem áreas verdes internas. Uma área foi considerada verde quando se apresentou vegetada e não pavimentada e edificada ou coberta por água. Para essas unidades, a presença de vegetação no entorno poderia compensar a falta de espaços arborizados, mas o estudo mostrou que 15,5% não contam com praças ou parques em um raio de 500 metros, e 1,3% não tem acesso a esses espaços em um quilômetro de distância.

O estudo também alerta para o risco climático nessas instituições. Vitória ocupa o segundo lugar entre as capitais brasileiras com maior proporção de escolas em áreas de risco, totalizando 25% (39 das 155 unidades analisadas). Os pesquisadores destacam que as ondas de calor e eventos climáticos extremos têm causado suspensão de aulas, com o fechamento de escolas em pelo menos 75% desses episódios nos últimos 20 anos.

Os pesquisadores destacam que as crianças e adolescentes são os mais impactados por essas condições, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade: moradores de comunidades empobrecidas, negros, indígenas, quilombolas, pertencentes a povos e comunidades tradicionais, migrantes, refugiados, crianças com deficiência e meninas.

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Sedu

Desigualdade ambiental

De acordo com o estudo, cerca de 80% das crianças no Brasil vivem em centros urbanos, onde o acesso a espaços verdes é desigual. As escolas com Indicador de Nível Socioeconômico (INSE) mais baixo são as que têm menos praças e parques em seu entorno. Bairros mais densos e vulneráveis tendem a ser menos arborizados, privando seus moradores dos benefícios da natureza para a saúde física e mental, além de torná-los mais suscetíveis aos impactos da crise climática. Essa desigualdade reforça a importância de políticas públicas que garantam um ambiente escolar mais equilibrado e saudável para todas as crianças.

Nos últimos 20 anos, pelo menos 75% dos eventos climáticos extremos resultaram no fechamento de escolas no Brasil. Muitas vezes, a suspensão das aulas foi prolongada devido às vulnerabilidades da infraestrutura e ao uso das escolas como abrigos de emergência.

O calor extremo, que em algumas regiões do país ultrapassa 40°C, tem tornado inviável o trajeto e o aprendizado em sala de aula. No Brasil, mais da metade das escolas estão localizadas em regiões onde as temperaturas são pelo menos 1°C acima da média urbana. Além disso, quatro a cada dez escolas não possuem qualquer tipo de área verde. Para enfrentar esses desafios, o estudo propõe soluções como o plantio de árvores dentro das escolas, a integração das unidades com praças e parques adjacentes, e o fortalecimento da educação climática.

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