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Mais uma comunidade se opõe a fechamento de escola em Cariacica

Crianças do CMEI Larissa Pereira Batista, em Bela Aurora, terão que ir para o Tarcílio Montanori

Mais uma comunidade de Cariacica denuncia o fechamento de escola no município. Desta vez, trata-se do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Larissa Pereira Batista, em Bela Aurora. Responsáveis pelas crianças, que preferem não se identificar por medo de represálias, relatam que o anúncio do fechamento foi feito em uma reunião na escola com a presença de representantes da Secretaria Municipal de Educação (Seme). Quando receberam o convite, pensaram que era para discutir coletivamente, mas quando chegaram lá, foram apenas comunicados de que as atividades seriam encerradas.

Jackeline Gomes/PMC

As crianças, a partir de 2024, terão que estudar no CMEI Tarcílio Montanori, no mesmo bairro, mas em uma localidade mais distante, já nas proximidades do bairro Boa Sorte. A resposta da Seme para o fechamento da unidade, segundo os responsáveis, foi de que a escola é muito pequena, contudo, destacam, “é muito boa, organizada, uma família, seu fechamento será uma perda incomparável para a comunidade”.

Uma das preocupações das famílias é que, no Tarcílio, as crianças possam ficar em um ambiente com superlotação, impossibilitando que tenham a atenção necessária. “Existe fila de espera no Tarcílio, não tem vaga. Como que de repente fecha uma escola e aparece um monte vaga?”, questionam.

De acordo com os responsáveis, no CMEI Larissa Pereira Batista estão matriculadas 120 crianças, 60 no turno matutino e 60 no vespertino. Outro problema, apontam, é a distância do outro CMEI. Embora seja no mesmo bairro, as famílias terão que se deslocar para mais longe, dificultando o acesso de quem não pode pagar transporte escolar.

A unidade de ensino tem cerca de 50 anos e faz parte da história da comunidade. Foi fundada na década de 70, com o nome Pré- Escolar Chapeuzinho Vermelho. Quando registrou uma mudança de sede, há 20 anos, passou a ter o nome atual, escolhido pela comunidade em assembleia para homenagear uma estudante do CMEI que faleceu.

Essa história consta no abaixo-assinado pelo não fechamento“Ante esta bela história não poderíamos enquanto comunidade aceitar um fechamento inesperado, visto que a escola acomoda muito bem todos os seus alunos, tendo grande procura por parte da comunidade escolar. Reiteramos o pedido em reaver tal decisão que foi tomada sem qualquer consulta pública”, reivindica a comunidade no documento.

A comunidade fará uma manifestação contra o fechamento do CMEI nesta quinta-feira (16), às 18h30, na praça de Bela Aurora. Neste sábado (18), haverá o Ato em Defesa da Educação Pública de Cariacica, organizado pelos movimentos populares e pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Cariacica (Sindismuc). A concentração será às 13h, na praça de Campo, localizada na Avenida Expedito Garcia. De lá, os manifestantes seguirão rumo à rotatória, em frente à Colibri Festas.
O fechamento do CMEI de Bela Aurora é uma das motivações do ato do próximo final de semana, bem como o da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jones dos Santos Neves, em Boa Sorte, e a transferência dos estudantes da Nilton Gomes, em Cruzeiro do Sul, para outras unidades de ensino para construção de uma infraestrutura no local atual, pois o colégio será demolido.

Imposição

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Cariacica (Sindismuc), Luciano Constantino, aponta que a decisão de fechar as escolas foi tomada sem diálogo com as comunidades. Ele destaca que os professores terão que passar por um processo de remoção, portanto, “terão suas vidas prejudicadas sem terem sido consultados”. Um dos prejuízos é a possibilidade de os docentes não conseguirem preencher a carga horária em um único turno, sendo que muitos trabalham em outras redes de ensino.
Ele também destaca que há possibilidade de os professores terem que se deslocar para escolas mais distantes da unidade de ensino na qual atuam no outro turno. “Se o profissional dá aula em Jardim América e no outro turno trabalha no Centro de Vitória, é um deslocamento de uns 20 minutos. Se for removido para Campo Grande, aí serão mais de 20 minutos”, exemplifica.
Luciano afirma que todos foram “pegos de surpresa”, pois não houve diálogo com as comunidades escolares. Para ele, a falta de diálogo é uma marca da gestão do prefeito Euclério Sampaio (MDB). “O que a população vê hoje de forma mais explícita, é o que o sindicato vem denunciando há tempos, que é impedir a população de participar dos processos de decisão do município”, ressalta. O dirigente sindical recorda que a gestão municipal também interferiu na nomeação de diretores no ano passado, como na própria Nilton Gomes.
Uma comissão de representantes da unidade se reuniu com a secretária de Educação, Luzian Belisario dos Santos, e o vereador Marcelo Zonta (Cidadania), nessa segunda-feira (13), mas saiu de lá desesperançada. A reivindicação do grupo era de garantia de um prédio para funcionamento provisório da unidade enquanto ocorrer a reforma, em vez de realocar os estudantes em outros colégios. Para isso, a comissão apresentou a proposta de três espaços. A secretária afirmou que iria visitá-los, mas não marcou uma data para retornar ao grupo sobre a decisão a ser tomada. Além disso, informou que os responsáveis deveriam matricular as crianças nas escolas a serem designadas pela prefeitura.
A gestão de Euclério Sampaio afirma que, no caso da EMEF Jones dos Santos, também será feita uma reforma, e não um fechamento definitivo, confirma aponta Carla Santos Ferreira, mãe de uma aluna de 8 anos que é cadeirante. Contudo, ela acredita que se de fato fosse somente uma reforma, a prefeitura buscaria dialogar com a comunidade, por se tratar de uma iniciativa que seria positiva para a gestão. Carla informa que os alunos do Jones dos Santos Neves terão que se matricular na EMEF Amenophis de Assis, em Vale Esperança.

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