Protestos estão marcados para o dia 29 de maio em Vitória, contra os cortes e contingenciamentos do governo federal
Dois anos após os protestos que encheram as ruas de Vitória, o movimento estudantil planeja mais uma mobilização no próximo dia 29 de maio. Seguindo a pauta nacional, o ato será contra os cortes e contingenciamentos financeiros do governo federal, que têm ameaçado o funcionamento de instituições públicas e prejudicado a pesquisa científica em várias partes do País.
A mobilização é uma iniciativa da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG). Em Vitória, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (DCE/Ufes) participa da organização do ato. O local de partida e o trajeto dos protestos ainda não foram definidos. A entidades destacam que o protesto seguirá as precauções sanitárias contra o contágio do coronavírus.
Os atos, que serão realizados em vários estados, também denunciam os cortes em bolsas de pesquisas científicas, bem como os entraves para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ainda não tem data de aplicação em 2021. Na nota de convocação das entidades estudantis, as organizações denunciam o “iminente apagão da educação e da ciência e tecnologia no país”.
“Desde 2019, seguindo seu projeto de desmonte no setor da educação e ciência e tecnologia, Bolsonaro vem demonstrando ser o inimigo número um do Brasil. Isso acontece pois o governo federal vem executando cortes e contingenciamentos de recursos das universidades e institutos federais, Capes e CNPq, e vem atrapalhando os processos de realização do Exame Nacional do Ensino Médio, principal porta de entrada de milhares de brasileiros ao ensino superior”, informa a nota.
“Mais uma vez, a história convoca a juventude brasileira a defender a educação e a ciência, defender o Brasil. Não permitiremos que o governo continue a descartar e matar os sonhos e a esperança da nossa juventude”, ressalta.
Nessa quarta-feira (19), a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) participou de uma paralisação nacional da categoria. A entidade realizou uma plenária virtual contra o PL 5595/20, que torna a educação atividade essencial, e contra o PL 59/2021, apresentado pelo deputado estadual Capitão Assumção (PL) na Assembleia Legislativa, com a mesma proposta.
Além dos professores, o encontro contou com a participação do Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A plenária também discutiu a PEC 32/2020, que trata da Reforma Administrativa, e reivindicou a vacinação em massa no Brasil.
A sugestão inicial da Adufes era de que uma sessão pública dos conselhos superiores fosse realizada nessa quarta-feira, mas, de acordo com a associação, a Reitoria da universidade não atendeu ao pedido. Em contrapartida, propôs que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) elaborasse uma nota contra os projetos de lei que tramitam no Senado e na Assembleia Legislativa.
O documento foi encaminhado à bancada capixaba estadual e federal. No texto, o conselho reconhece a importância das atividades educacionais, mas reforça os riscos de um retorno às aulas presenciais sem um planejamento adequado.
“O teor desses projetos de lei expressa uma visão simplista tanto de educação quanto do que se configura como atividade essencial à luz da Constituição brasileira e da legislação dela decorrente, e atende a proposições sem fundamento científico e a apelos negacionistas sobre a grave realidade em que vivemos”, afirma a nota.
A Adufes realizará uma assembleia na próxima semana para decidir se irá participar da mobilização nacional do dia 29 de maio.
Protestos de 2019
Há dois anos, estudantes da Ufes, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e de escolas públicas encheram as ruas de Vitória em mobilizações que se dividiram entre os dias 15 e 30 de maio. Os protestos, que aconteceram em várias partes do País, já denunciavam os cortes do governo federal.
Em Vitória, os atos também contaram com entidades como o Sindiupes (professores da educação pública estadual e municipais), Sintufes (servidores da Ufes), Sinasefe (servidores do Ifes) e Adufes (docentes da Ufes).
Com a participação massiva dos movimentos estudantis, os protestos ficaram conhecidos como “tsunami da educação”.