“O professor está cada dia menos professor”. A afirmação é do vereador Vinícius Simões (MD), que recebeu professores da rede particular de Vitória esgotados com a sobrecarga de funções imposta à categoria. Eles admitem que tem receio de levar as reivindicações aos patrões, porém, a situação está chegando ao limite.
De acordo com o vereador, a denúncia foi reforçada pelo Sindicato dos Professores das Escolas Particulares. Segundo a entidade, com o acumulo de funções não é possível exercer, de forma plena, o ofício de ensinar.
O Sindicato tem se esforçado para equilibrar as relações, mas o profissional está cada vez mais sobrecarregado, em nome do mercado.
Para o vereador, o professor já possui uma série de atividades que realmente são de sua competência. Porém, muitas delas, poderiam ser atribuídas a outros profissionais.
“Existem escolas que cobram dos professores a elaboração de estatísticas das avaliações, ou seja, o professor faz o trabalho de secretário, de psicólogo, dente outras funções. Ele tem que planejar e dar aula, corrigir provas, corrigir trabalhos, fazer relatórios. Ele ainda tem de levar o aluno para atividades extra-classe”, enumerou o vereador.
O fato se agrava, segundo Simões, porque os professores recebem bons salários e não querem deixar a escola. Em contrapartida, vão se tornando cada vez mais “escravizados”.
Um professor, que não quis se identificar, questionou que o problema tem se agravado por conta do grau de desmobilização da categoria e da representação sindical. “Uma mobilização dessa natureza, primeiro passa por uma postura de quem nos representa. Estou morrendo de trabalhar e é o sindicato quem decide minha vida profissional”, afirmou.
O Vereador Vinicius Simões classificou o mercado privado das escolas de bom, no que se refere à qualidade do ensino, porém cruel, em relação aos professores. “Eles podem mandar o profissional embora amanhã. Então professor não possui alternativa. Ele está entre a cruz e a espada. Será que este é o caminho? O professor está cada dia menos professor?”, desabafou o vereador.
Sem tratar a questão salarial, os professores reclamaram também da questão da saúde dos profissionais. Mesmos roucos ou sem voz, os professores são muitas vezes obrigados a dar aulas para não perderem a vaga na escola.
Segundo o vereador, a promessa é que um projeto de lei seja protocolado na Câmara de Vitória estabelecendo um limite de funções para a categoria em acordo com as lideranças profissionais.
“Só este ano cinco professores faleceram, sendo um de AVC. Eles não têm voz, estão sob estresse devido à pressão que sofrem e ao acúmulo de funções”, protestou.