Em live nas redes sociais, deputado Majeski debateu os impactos da pandemia para a juventude capixaba
Durante o encontro, Majeski citou a decisão da juíza Sayonara Couto Bittencourt que, também nessa terça-feira (20) determinou o retorno às aulas presenciais nas escolas do Espírito Santo, decisão que foi derrubada nesta quarta-feira (21). Para o parlamentar, é necessário aguardar a finalização da imunização dos professores.
“O professor precisa voltar, mas com segurança para ele e para os alunos […] É curioso que o Judiciário não está trabalhando presencialmente, em grande parte, mas ordena que as escolas, que os professores, que têm que trabalhar em dois, três turnos, retornem às salas de aula”, apontou o parlamentar.
O encontro também contou com a participação da psicanalista Paula Figueira, da presidente do Grêmio do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) no campus de Guarapari, Letícia de Sá, e da vice-presidente do Grêmio Margarida Maria Alves, Kalliana Tolentino.
Os participantes debateram os riscos de evasão escolar causados pela pandemia, os obstáculos do ensino remoto e os impactos psicológicos desse contexto para a juventude. “Muitos pesquisadores falam sobre o risco da perda de uma geração no Brasil. Não que a gente não tenha, ao longo da história, perdido várias gerações, mas agora há uma possibilidade de que uma parcela ainda maior dos jovens deixem a escola”, afirmou Majeski.
Problemas sociais agravados
Um dos problemas agravados pela pandemia foi o abismo entre o ensino público e privado. A presidente do grêmio estudantil no Ifes de Guarapari, Letícia de Sá, citou a demora das escolas capixabas para aderir ao ensino remoto no ano passado, e a falta de estrutura de alunos da rede pública, que, muitas vezes, precisam trabalhar para complementar a renda familiar. “Quando você vai decidir se vai ser o pão na mesa ou o estudo do seu filho, infelizmente você vai optar para que vocês continuem comendo, continuem sobrevivendo”, pontuou.
A secundarista lembrou que a pandemia está afetando a juventude como um todo, mas os mais impactados continuam sendo pessoas em vulnerabilidade social. “A gente sabe que existe um perfil de jovens que são mais afetados pela desigualdade brasileira. São jovens negros, indígenas, com deficiência e pobres. A gente sabe que esse perfil tem nome e sobrenome”, destacou.
Kalliana Tolentino, vice-presidente do Grêmio Margarida Maria Alves, também apontou as insuficiências do ensino remoto na rede estadual, além da perda do vínculo com a equipe pedagógica. “A gente chegou em um ponto onde o ensino remoto era, basicamente, as atividades postadas na plataforma. Isso desmotivou muito os alunos”, explicou.
Nesse período, a evasão escolar é mais recorrente e mais difícil de ser devidamente contabilizada. “A gente recebia das nossas coordenadoras listas e listas de alunos que não estavam mais, de nenhuma forma, vinculados com a escola. Não estavam em nenhum grupo de WhatsApp de turma, não estava mais fazendo as atividades da plataforma”, relatou Kalliana.
Mesmo nos casos dos alunos que continuam frequentando as aulas virtuais, a saúde mental é uma preocupação. A psicanalista Paula Figueira explicou que, por trás das câmeras desligadas, muitas vezes se escondem problemas que os educadores não têm acesso. “Na escola, quando a gente tá no presencial, por mais que a gente não tenha um psicólogo na escola, os professores, os pedagogos conseguem perceber que alguma coisa não está indo bem com aquele jovem”, explana.
Leticia de Sá ressaltou a importância da criação de diálogos com entidades representativas. “Quando a gente fala da juventude, sempre pensa na juventude como uma pauta que só vai acontecer no futuro, como se os jovens fossem apenas o futuro do país. A gente esquece que a pauta da juventude é uma pauta para o agora”, destacou.
Falta de estrutura poderia ter sido evitada
Desde o início da pandemia, a rede pública de ensino tem tentado driblar a falta de estrutura tecnológica e a ausência de capacitação dos professores que, de uma hora para a outra, precisaram lidar com um novo formato de ensino. Para Majeski, esse impacto poderia ter sido amenizado. “Se, nos últimos anos, nas últimas décadas, houvesse um investimento, de fato, na educação, se a educação fosse prioridade, de fato, no país, as escolas estariam muito mais preparadas tecnologicamente para esse momento”, ressaltou.
O parlamentar também acredita que os governos poderiam ter passado o último ano de pandemia se preparando para oferecer um ensino mais adequado para os alunos capixabas, realizando a busca ativa de alunos que não têm acesso à internet, por exemplo. “Os governos sabiam, no ano passado, que a gente precisaria de aulas híbridas e remotas ainda por muito tempo” enfatiza.
Majeski enfatizou que é preciso pensar em formas de amenizar os impactos gerados pela crise sanitária mundial. “Precisamos continuar lutando para garantir ao jovem que ele permaneça ligado à escola, que ele permaneça estudando, mesmo com todas as dificuldades, e exigir do poder público que faça decentemente a sua parte, oferecendo políticas públicas de apoio a professores e alunos. Sem isso, nós corremos o risco de ter uma geração perdida”, concluiu.