Desde às 13 horas desta segunda-feira (19), um grupo de 70 professores e estudantes decidiu ocupar o prédio da Secretaria estadual de Educação, que fica na Avenida César Hilal, na Enseada do Suá, em Vitória.
Depois de seguidas reuniões, os manifestantes optaram por passar a noite no prédio da Sedu. Segundo o professor de sociologia Antônio Barbosa, do comando de greve, a proposta é de que um grupo de 30 a 40 professores pernoitem no local. “A expectativa é de que amanhã [terça-feira, 20] o governo retome as negociações. Nós continuamos dispostos a negociar, desde que o governo conceda algumas das nossas reivindicações”, condicionou Barbosa.
Dentre as principais reivindicações dos professores estão a recomposição salarial, eleição direta para diretor de escola e revisão do plano de cargos e salários.
Para os professores, as negociações não avançam porque o governo passou a apelar para a Justiça em vez de buscar uma saída negociada para a greve, que já dura mais de 30 dias.
A manobra do governo de judicializar o impasse em vez de inisistir no diálogo dificultou as negociações e aumentou a pressão sobre os professores. A Justiça considerou a paralisação ilegal e impôs sanções à categoria: uma multa de mais de R$ 600 mil ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sindiupes), caso as aulas não sejam retomadas, além do corte do ponto dos professores que permanecerem em greve.
Nas rodadas de reuniões com a mediação do Ministério Público Estadual , o governo alega que aguarda um posicionamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que estaria avaliando a possibilidade de concessão da recomposição das perdas salariais.
Apesar da justificativa do governo, a categoria alega que a lei eleitoral prevê apenas que não se pode conceder reajuste acima do limite da inflação seis meses antes das eleições. O índice pleiteado pelos professores estaria abaixo desse limite.
“Há outros pontos na pauta tão importantes quanto à recomposição salarial. A eleição de diretor de escola, por exemplo”, rebate Barbosa. Ele diz que a categoria estaria disposta a reavaliar a suspensão da greve caso o governo atendesse esse ponto da pauta. No entanto, afirma, o governo reluta em mexer na eleição de diretores porque há uma questão política por trás. “Sabemos que esses cargos de direção são indicações de deputados e vereadores, e o governo não quer mexer com isso agora”, afirma o professor.
Caso as negociações não avancem nesta terça-feira (20), o comando de greve que ocupa a Sedu não decidiu ainda se irá permanecer no prédio. Por enquanto, segundo os professores o clima é tranquilo. A Polícia Militar acompanha de perto os manifestantes, mas, aparentemente, não há qualquer movimento por parte da polícia no sentido de retirar os manifestantes à força do prédio.
Professores que ficaram do lado de fora estão encarregados de garantir a alimentação dos manifestantes que irão pernoitar no prédio.
Para esta quarta-feira (21) está marcada nova assembleia geral dos professores da rede estadual, em que deve ser votada a continuidade ou não da greve.
Na sexta-feira (16), o diretor do Sindiupes, Rodrigo Agapito, disse que o sindicato luta para obter, pelo menos, um avanço concreto para os professores. Ele afirmou, ainda, que resposta concreta é o governo dizer que vai atender a alguma reivindicação, e não formar grupo de trabalho para estudar a possibilidade de concessão das demandas. Qualquer que seja a negociação, o sindicato exige a suspensão da multa e do corte do ponto.