A gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) publicou no Diário Oficial dessa segunda-feira (17), a exoneração de duas diretoras. Uma é Aerodilse Fernandes da Silva Xavier, que atuava na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Paulo Reglus Neves Freire, em Inhanguetá. A outra, Alessandra Passos Pereira, da EMEF Prezideu Amorim, no bairro Bonfim. O grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix) aponta perseguição política nas duas exonerações, bem como na transferência do professor Aguinaldo Rocha de Souza para a EMEF Octacilio Lomba, em Maruípe, comunicada por e-mail.
O diretor de Formação da Pad-Vix, Madson Moura Batista, relata que não foram apresentadas justificativas nem para as exonerações nem para a transferência, que também considera “arbitrária”. Ele questiona o fato de que as duas diretoras foram eleitas pela comunidade escolar, que também não foi escutada, portanto, trabalhadores da educação, estudantes e responsáveis souberam das exonerações somente por meio do Diário Oficial.
Madson afirma que Alessandra é muita ativa nas ações da Pad-Vix e tem uma postura contestadora no que diz respeito às ações da gestão municipal. Algumas das questões já levantadas, relata, foram quanto à falta de professores e à introdução das disciplinas de Projeto de Vida e Projeto Experimental, subtraindo carga horária e conteúdo de matérias como História, Geografia, Português e Matemática. “Colocaram disciplinas com foco no mercado e empreendedorismo, no individualismo”, critica.
Para Madson, a transferência de Aguinaldo, que é diretor executivo da Pad-Vix, foi também pelo “perfil questionador” do professor, que trabalhava na mesma escola que Alessandra. “Ele poderia contestar na comunidade escolar a arbitrariedade da exoneração. Não existe lógica plausível para ser transferido”, diz.
O diretor da PAD-Vix aponta que a transferência fere, ainda, o Estatuto do Magistério, que estabelece que esse tipo de iniciativa deve ser feita a pedido do servidor e em período de remoção. A entidade, destaca, vai fazer um “movimento político e jurídico”, acionando judicialmente a secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, e o prefeito não somente como gestores, mas civilmente.
Aguinaldo, desde o início da atual gestão, tem se manifestado publicamente em relação a ações da Prefeitura de Vitória no que diz respeito ao funcionalismo público em geral e, principalmente, à educação municipal e seus trabalhadores. Algumas delas são a reforma da Previdência, que aumentou de 11% para 14% a alíquota para o funcionalismo público; o aumento da carga horária dos professores; a falta de docentes na rede municipal; e a não reposição do conteúdo perdido devido aos problemas.
Em suas redes sociais, destacou que a Prezideu Amorim foi a primeira escola onde estudou, na qual trabalhou e a qual dirigiu, sendo também a unidade de ensino onde suas filhas concluíram o ensino fundamental e onde seus netos estudam. “Uma escola que, hoje, é referência em equipamento público escolar, graças a um esforço hercúleo que assumi”, disse, ressaltando que precisou se tornar delegado e conselheiro do orçamento participativo “para lutar pela obra”.
Prossegue afirmando que, para isso, contou com o apoio de estudantes, pais, mães, moradores da comunidade do Bairro Bonfim e imediações, profissionais da escola e “agentes políticos comprometidos com a democracia”.
Aguinaldo afirma que as gestões da secretária de Educação, Juliana Roshner; do secretário de Governo, Aridelmo Teixeira; e do prefeito Lorenzo Pazolini “foi mais covarde que o normal, tomando uma atitude dessa natureza no primeiro dia das férias escolares, onde todos estão afastados das unidades de ensino. Foi covarde, também, porque, talvez, até por motivos políticos, mexe com minhas raízes, pois sou nascido, vivido e criado no Bairro Bonfim, mais especificamente, na nossa, digo nossa com todo orgulho, Escadaria do Trabalhador”, desabafa.