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Pais de alunos questionam tempo integral em CMEI de Santos Dumont

Assim como registrado em outros bairros, comunidade reclama da falta de diálogo da secretária de Educação

Na próxima quinta-feira (31), representantes de pais e alunos do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Valdivia da Penha Antunes Rodrigues, em Santos Dumont, Vitória, se reúnem na unidade de ensino para discutir a possibilidade de implementação do tempo integral no ano letivo de 2024. Os responsáveis pelos estudantes são contrários à iniciativa, que, assim como registrado em outros bairros, afirmam ter sido apresentada pela gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) sem diálogo com a comunidade escolar.

Um dos fatores apontados, diz a representante dos alunos, Ana Paula Carvalho de Souza de Oliveira, é a falta de infraestrutura do CMEI, que impossibilita atividades como as de cultura e esporte e lazer, que deveriam passar a ser desenvolvidas. Ana Paula, que é mãe de uma estudante matriculada no CMEI, diz que ela e outros pais não têm necessidade de colocar os filhos em tempo integral, por isso, reivindicam que a unidade se mantenha como está, ou seja, com turmas em tempo integral e parcial.

“Quero ter a opção de escolher, não pode ser uma imposição do prefeito”, defende. Também há queixas quanto ao horário de término das aulas. De acordo com Ana Paula, a secretária de Educação, Juliana Roshner, afirma que poderá ser das 7h às 16h ou das 8h às 17h. Ambos são considerados inadequados para os responsáveis que trabalham em horário comercial. Além disso, haverá redução de turmas, pois a Secretaria Municipal de Educação (Seme) informou que não haverá abertura de matrícula para crianças de 6 meses a 1 ano.
A alternativa para quem não quiser ou não puder matricular as crianças no tempo integral será procurar um CMEI no bairro Bonfim ou um em Maruípe, perto do Quartel da Polícia Militar (PM). No caso do primeiro, há receio em relação aos constantes tiroteios que acontecem na região. Em relação ao segundo, o problema é a distância a ser percorrida, muitas vezes, com criança no colo.
Os responsáveis pelos alunos do Valdivia da Penha Antunes Rodrigues são o quarto grupo em menos de um mês a se mobilizar contra a implantação do tempo integral. A comunidade escolar do CMEI Sinclair Philips, em Caratoíra, Vitória, optou, por meio de consulta pública, pela manutenção da jornada ampliada na unidade de ensino.
A comunidade questionou a falta de diálogo e apontou uma série de problemas que impossibilitam a mudança, como precariedade na infraestrutura; horário de término das aulas, que seria às 16h, quando os responsáveis pelas crianças estão no trabalho; a redução do número de vagas em cerca de 50%; e a extinção de turmas para estudantes de seis meses a um ano. Mais um argumento foi a violência, já que os responsáveis teriam que matricular os estudantes em CMEIs de bairros vizinhos, como Santo Antônio e Morro do Quadro.
Outro colégio da rede municipal de ensino de Vitória que pode vir a ser integral mesmo sem a concordância da comunidade escolar, é o CMEI Jacy Alves Fraga, em Tabuazeiro. Os responsáveis pelos estudantes também questionam a mudança. Os motivos são semelhantes, como o horário de término das aulas. Há aqueles que defendem, ainda, a permanência em casa em um turno, o que entendem como um direito das famílias.
Professores também apontam prejuízos para a categoria, que passaria, obrigatoriamente, a trabalhar o dia todo nos CMEIs, o que impediria atuação em outras unidades, como costuma ocorrer. 
Em Jardim Camburi, a comunidade escolar do CMEI Rubens José Vervloet Gomes denunciou que a alteração para o tempo integral em 2024 foi anunciada sem discussão no conselho de escola, mas a situação já foi revertida.
Trinta escolas em 2024
Juliana Roshner compareceu à Câmara de Vitória nesta sexta-feira (25) para prestar contas do 2º quadrimestre de 2023. Ela informou que, quando Pazolini assumiu, eram quatro escolas em tempo integral em Vitória, sendo três de ensino fundamental e uma de educação infantil. Hoje são 17 – seis de ensino fundamental e 11 de educação infantil, sendo que, dessas últimas, oito  estão em transição, ou seja, contemplam o integral e o parcial, tendo sido estabelecido o prazo de até dois anos para se tornarem 100% integrais. A meta, afirma, é que em 2024 haja 30 escolas em tempo integral.

A gestora classificou os argumentos contrários a implantação do integral no CMEI de Caratoíra como “uma chuva de narrativas desencontradas”. “Quando isso acontece, confunde. Ao confundir, quem perde é a criança”, disse, alegando que o integral “traz condições para esse ensino de qualidade pelo qual a gente tanto luta”. Também afirmou que o parcial “tem dificuldade de tempo, de formação, de momentos para trabalhar um projeto político pedagógico tão intenso”.

O vereador André Moreira (Psol) questionou a possibilidade de haver o tempo integral e o parcial na mesma escola sem redução de vagas, contemplando quem não quer ou não pode matricular a criança na primeira modalidade. A gestora respondeu que o número de vagas cai no tempo integral. Exemplificou com o caso de uma escola que atende 500 crianças, portanto, 250 de manhã e 250 à tarde. Com o integral, seriam 250 durante todo o dia.
Contudo, afirma, não há prejuízo de vagas, mas redução de atendimento, uma vez que a demanda do parcial pode ser absorvida em outra escola da região. Juliana explicou que, ao implantar o integral, há um estudo técnico para ver quais escolas não têm fila de espera, ou seja, que possuem condições plenas de atendimento. Outro passo do estudo técnico, prossegue, é averiguar se há outra escola de tempo parcial em outro bairro para atender a demanda.

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