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Pazolini joga para o governo estadual culpa sobre 9º ano em São Pedro

Prefeito de Vitória respondeu pergunta sobre o assunto durante prestação de contas na Câmara

Ellen Campanharo/Ales

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), atribuiu à gestão do governador Renato Casagrande (PSB) a culpa pela falta de oferta do 9º ano na rede municipal de ensino na região da Grande São Pedro. Pazolini falou sobre o assunto nesta quarta-feira (16), durante a prestação de contas de seu mandato na Câmara Municipal, após ser questionado pela vereadora Ana Paula Rocha (Psol).

Ela questionou se, apesar de o município ter quatro anos para se organizar em relação às novas regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), não seria possível se planejar para não deixar que a Grande São Pedro se tornasse a única região do município sem a oferta do nos nove anos do Ensino Fundamental.

Lorenzo Pazolini, por sua vez, argumentou que a “irresponsabilidade não foi da prefeitura”. Segundo ele, a secretária municipal de Educação, Juliana Roshner, esteve presente em todas as reuniões para debater o assunto, mas o mesmo não foi feita pelo governo estadual – apesar de não ter citado diretamente a gestão de Casagrande.

“Quem abandonou a Grande São Pedro não foi o município. Foi um outro ente estatal que o morador de São Pedro sabe quem foi. A prefeitura está presente e sempre estará presente. Agora, esta Casa tem que se organizar. E aí, com todo o respeito [Ana Paula Rocha], vossa excelência está filiada a um partido [Psol] que tem representação no parlamento estadual. Será que a representante de vocês fez essa cobrança ao secretário devido, ao órgão estatal devido? Terceirizar responsabilidade não resolve, cada um tem que assumir a sua, e nós assumimos. Se errar, vamos corrigir”, comentou.

Na réplica, Ana Paula Rocha lembrou a Pazolini que não responde pelo Governo do Estado e que a responsabilidade preferencial pelo Ensino Fundamental é da prefeitura, ressaltando ainda a necessidade de dar uma “resposta palpável” à população, independentemente do conflito entre os entes estatais. A vereadora do Psol citou, também, o fato de que em outras regiões da cidade o problema foi resolvido, como Jardim da Penha e Jardim Camburi.

Moradores que acompanhavam a prestação de contas pela internet também postaram comentários criticando Lorenzo Pazolini por se eximir de responsabilidade sobre a questão. O prefeito de Vitória, porém, insistiu em culpar o governo estadual e reforçou a promessa recente de passar a oferecer o 9º ano na Grande São Pedro a partir de 2026.

Os alunos da Grande São Pedro que cursariam o 9º ano na rede municipal de ensino de Vitória em 2025 estavam preparados, em janeiro, para estudar nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Eliane Rodrigues dos Santos, na Ilha das Caieiras, ou na Maria José Costa Moraes, em Santo André. Entretanto, a gestão de Lorenzo Pazolini, que havia assumido o compromisso de oferecer o 9º ano nessas unidades de ensino, voltou atrás, e a responsabilidade retornou para o Governo do Estado.

A rede de ensino de Vitória deixou de oferecer o 9º ano na região durante o governo do então prefeito Luciano Rezende (Cidadania), que teve dois mandatos de 2013 a 2020. Por isso, os estudantes finalizavam o ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Elza Lemos Andreatta, na Ilha das Caieiras. A gestão de Lorenzo Pazolini chegou a anunciar que as escolas da Grande São Pedro voltariam a ter a série escolar. Com a desistência, a gestão de Renato Casagrande (PSB) mantém a oferta do 9º ano – mas não na escola da Ilha das Caieiras, e sim, no Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI) Dr. Agessandro da Costa Pereira (Escola Viva), em São Pedro.

Entretanto, com a distância, muitos adolescentes têm que se deslocar a pé ou gastar com transporte coletivo, o que afeta a renda das famílias. Além disso, são relatadas dificuldades em se manter no tempo integral, por ser uma idade em que os estudantes podem ingressar num estágio ou no programa Menor Aprendiz, para ajudar financeiramente em casa.

Audiência pública

Durante uma audiência pública sobre o tema, realizada em março, a secretária de Educação de Vitória afirmou que, todo ano, por volta do mês de setembro, o governo estadual se reúne com a prefeitura para uma discussão técnica. Contudo, em 2024, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) não fez esse procedimento. “Entendemos que ficaria tudo do jeito que estava”, disse Juliana Roshner. Entretanto, recordou, no final do ano, a gestão estadual fechou 10 turmas na escola Elza Lemos Andreatta, afetando cerca de 400 alunos.

Assessoria Jocelino

Juliana afirmou que a prefeitura tentou se organizar para fazer a oferta, mas não havia tempo hábil, inclusive se reuniu com o secretário estadual, Vitor de Angelo, para solicitar que não houvesse fechamento das turmas, pedido que não foi atendido. O diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública (Sindiupes), Paulo Loureiro, destacou que há um embate entre as gestões estadual e municipal. “Mas o que a comunidade tem a ver com isso? Ela vai ser penalizada?”, questionou.

Vitor De Angelo foi convidado para a audiência, mas alegou impossibilidade devido à agenda externa. O mesmo argumento foi dado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que informou que instaurou procedimento administrativo para averiguar a situação, conforme relatou o vereador Professor Jocelino (PT).

Adversário do governo de Renato Casagrande, Lorenzo Pazolini tem sido tratado pelo partido Republicanos, de forma explícita, como pré-candidato a governador do Espírito Santo nas eleições de 2026. Já o grupo de Casagrande trabalha com a pré-candidatura do atual vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB).

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