A escola anunciada funcionaria no lugar da Unidade Municipal de Ensino Fundamental (Umef) Paulo Mares Guia, que passaria a se chamar Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral Cobilândia (Escola Viva Cobilândia). A unidade ofereceria 580 vagas para estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e 1ª a 3ª série do ensino médio.
A nova Escola Viva deveria ter sido entregue e inaugurada em abril deste ano, mas a obra foi paralisada e a nova previsão é de inauguração em agosto. As obras, que ficaram a cargo da prefeitura de Vila Velha foram paralisadas por conta da falência da empresa executora. Para que as obras sejam retomadas, é necessária a realização de nova licitação para contratação de outra empresa para concluir a reforma e ampliação da escola.
A pedagoga relatou que os profissionais que atuariam na escola passaram pelo curso de formação – depois de serem aprovados no processo seletivo para o projeto – e, ao final do curso, foram informados que a escola não estava pronta e que eles ficariam provisoriamente na Escola Viva de São Pedro, em Vitória.
No entanto, em 13 de abril, a equipe foi informada que não havia possibilidade de permanência na escola de São Pedro e a equipe foi remanejada para outras escolas e para outras funções. Segundo Cinthya, a “escola da escolha”, como é apresentada o Escola Viva, destruiu o projeto de vida de 27 pessoas.
Segundo a pedagoga, não há previsão para a inauguração da Escola Viva de Cobilândia, mas, ainda assim, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) anuncia planos de implementar outra no município de Cariacica.
Na Tribuna Popular, Cinthya questionou qual o objetivo e a concepção do secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha, em relação à valorização dos docentes da rede estadual de ensino.
Para a composição do corpo docente da unidade foi aberto um edital para selecionar 27 professores – entre efetivos e aqueles em designação temporária (DT) – para a formação do quadro. Os professores selecionados passaram por formação e ficaram aguardando a inauguração da unidade Cobilândia na Escola Viva de São Pedro, em Vitória – unidade-piloto que funciona desde o segundo semestre do ano passado.
No entanto, no dia 28 de abril, justamente no Dia Nacional da Educação, a equipe foi desfeita, já que o prazo para inauguração foi revisto e não há previsão de uma nova data para a unidade Cobilândia entrar em funcionamento.
Aos profissionais foi dada a opção de remanejamento para outros cargos e funções nas Superintendências Regionais de Educação, para outras escolas, ou mesmo para que retornassem às escolas de origem – muitos vieram de cidades do interior. Esses remanejamentos, no entanto, estavam condicionados à existência de vagas em outras unidades.
O atraso na entrega da unidade põe em xeque a permanência dos professores no programa. Os professores selecionados para atuarem nas escolas do programa têm acréscimo de 40% nos salários, por conta da dedicação exclusiva e a abertura dos processos para contratação atraem professores de todo o Estado que, se aprovados, precisam se mudar ou fazer grandes deslocamentos para chegarem às escolas.
Além disso, os professores que compunham a equipe da Escola Viva se inscreveram no edital para a unidade de Vila Velha, e não em outras escolas, nem para fazerem outras funções. Alguns deles, abriram mão de outras oportunidades de trabalho e vínculos funcionais para atuarem na Escola Viva e, agora, sequer sabem se a escola será inaugurada.
Caça às bruxas
A pedagoga também ressaltou que os professores estaduais vivem uma verdadeira “caça às bruxas” em sala de aula. Ela relembrou o caso da professora de uma escola estadual de Vila Nova de Colares, na Serra, que vem sendo assediada pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) depois que fragmentos de vídeos feitos por um aluno em sala de aula, em que ela questionava o voto do parlamentar durante a sessão da Câmara dos Deputados que aprovou o andamento do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff, foram rebatidos pelo deputado.
Cinthya se disse chocada com a manchete de um jornal do Estado, que dizia que o deputado é esperado para dar uma aula na escola de Vila Nova de Colares e questionou se ele teria formação docente para isso. Ela completou dizendo que os professores passam por grande assédio e perderam a liberdade de expressão em sala de aula.