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Plenária debaterá importância do movimento estudantil na atual conjuntura

O momento é tão difícil como complexo para o campo progressista brasileiro. Por isso, nesta quarta-feira (7), às 18h, o Movimento Enfrente realiza uma plenária de formação política tendo como temas centrais os ataques do governo Jair Bolsonaro (PSL) à educação e o papel do movimento estudantil na atual conjuntura. O local será a sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Centro de Vitória.

O convidado para a análise de conjuntura é o estudante de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e conselheiro universitário Hilquias Crispim, que assume nessa sexta-feira (9) a diretoria de Direitos Humanos da União Nacional dos Estudantes (UNE), cuja nova gestão tomará posse em São Paulo.

“A pauta da educação teve centralidade nesses primeiros seis meses do governo Bolsonaro porque ele sabia que o maior enfrentamento se daria nesses espaços de resistência que são as universidades e institutos federais, palcos de mudanças históricas nos governos petistas e que com as cotas mudaram o perfil de toda uma sociedade, permitindo que setores antes excluídos pudessem estudar, se formar e disputar postos de trabalhos melhores”, considera o estudante.

Ele lembra que com os bloqueios orçamentários anunciados pelo governo no último dia 30, a Educação teve um total de R$ 348,47 milhões de retenção, atrás apenas do Ministério da Cidadania. Isso sem falar nos bloqueios anteriores de 30% nos orçamentos nas instituições federais de ensino. “Eles ampliaram e intensificam os cortes para ver até onde as universidade aguentam. Os reitores já estão dando respostas, com caixas esvaziadas, algumas universidades sem conseguir pagar as contas básicas de custeio”.

Segundo ele, as medidas já podem ser sentidas na Ufes, que além das dificuldades financeiras de gestão, sofreu corte de cerca de 100 bolsas de mestrado.

Ao mesmo tempo em que sufoca as universidades, o governo federal ensaia uma suposta pauta positiva com o projeto Future-se, que ajudaria a injetar recurso privado na educação superior pública. Hilquias explica que basicamente a proposta busca priorizar a entrega de ONGs educacionais vinculadas a grandes empresas privadas para realizar serviços diversos, mas não como uma terceirização comum, mas também com ingerência sobre projetos de pesquisa e extensão, atacando a autonomia universitária. Outra possível ingerência do Future-se se daria no âmbito dos pró-reitores indicados para os cargos, que teriam que passar pelo crivo do Ministério da Educação.

Nesse contexto, Hilquias entende que a principal tarefa do movimento estudantil é se reorganizar diante do novo contexto político, a partir das articulações que vem acontecendo com outros movimentos sociais desde as lutas de 2015 e 2016 contra o impeachment que tirou do poder a presidente Dilma Rousseff (PT).

“Temos que ocupar as ruas. Na nossa visão não tem outra condição que o diálogo direto com o povo estando nas ruas, produzindo materiais que dialoguem com a população, explicando os desmontes e perdas de direitos”, diz o dirigente estudantil, ressaltando a importância de fortalecer as redes como a Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo. A próxima grande manifestação em defesa da educação vai acontecer no dia 13 de agosto em todo Brasil.

Além da pauta da educação, Hilquias destaca a tentativa da aprovação da reforma da Previdência no Senado como foco da política do governo Bolsonaro, que possivelmente tentaria emplacar logo em seguida uma reforma tributária, também numa proposta desfavorável para os trabalhadores.

Em sua fala, o futuro diretor da UNE deve também analisar a última pesquisa sobre popularidade do governo Bolsonaro divulgada pelo instituto Datafolha, que apontou aprovação de 33% e reprovação de igual valor, contra 31% que consideram o governo regular. Para ele, o país mantém-se polarizado. O apoio ao novo presidente é maior no Sul e menor no Nordeste, maior nas classes médias e altas e menor nas classes baixas.

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