Estudantes realizam dia de paralisação e afirmam desocupar Reitoria somente se demandas básicas forem atendidas
Conforme decidido em plenária realizada na noite dessa segunda-feira (29), os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) fecharam os portões dos campi de Goiabeiras e Maruípe, impossibilitando o acesso de servidores e alunos. A ideia é que não haja aulas nesta terça-feira (30), realizando um dia de paralisação na instituição de ensino. “É uma resposta à decisão arbitrária da Reitoria de suspender às atividades do RU [Restaurante Universitário] durante dois dias”, disse um dos integrantes do Comando de Greve em vídeo publicado nas redes sociais do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Ele afirma, ainda, que é “impossível a manutenção da universidade sem uma das principais políticas de acesso e permanência”. Os alunos, que desde essa segunda-feira se encontram em uma ocupação na Reitoria, garantem que não saem de lá “sem que nossas demandas básicas sejam atendidas”.
A universidade resolveu fechar o RU após uma manifestação realizada nessa segunda, quando os estudantes bloquearam a roleta do restaurante na hora do almoço e liberaram o acesso de todos pela porta como forma de se manifestar contra as ameaças de processo administrativo contra quem pula roleta. A universidade, então, não abriu o RU no jantar e informou que não abrirá em nenhum horário nesta terça, o que motivou a ocupação.
A manifestação no RU, ocorrida nessa segunda e que também aconteceria nesta terça, foi aprovada no Conselho de Entidades de Base da Ufes diante de ameaças da Administração Central, que falou, conforme relata o Comando de Greve, que abriria processos administrativos contra quem pulasse roleta. As penalidades do processo podem ir de advertência até expulsão.
O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes) se manifestou nas redes sociais, demonstrando solidariedade aos estudantes. Para a entidade, ao fechar o RU, a Reitoria tentou “colocar os estudantes contra o próprio movimento”. “Estamos aqui para prestar solidariedade aos estudantes e reivindicar o direito à alimentação e permanência”, disse o coordenador de Formação Política e Sindical, Felipe Skiter.
A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), por meio de nota, manifestou solidariedade ao Movimento Estudantil. A entidade afirma que a suspensão das atividades do RU foi considerada “punitivista” pela comunidade e que vê com preocupação “a reação da Reitoria frente ao protesto estudantil, e nos preocupa particularmente a postura que levou, sem diálogo com o movimento, à drástica decisão de suspensão imediata do funcionamento do RU”.
O texto prossegue dizendo que “a Administração Central da Ufes considera os Restaurantes Universitários equipamentos essenciais na política de assistência estudantil e que contribuem vigorosamente para o bem-estar e a permanência dos estudantes até o final do seu ciclo universitário. Por isso, está comprometida em promover melhorias nos RUs que valorizem ainda mais o seu papel, dentro das condições orçamentárias que dispõe. Com essa finalidade, nomeou um grupo de trabalho para estudar soluções para a melhoria no acesso e no atendimento, cujos resultados serão apresentados e discutidos com representantes estudantis assim que as atividades forem concluídas”.