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Prefeitos e vereadores estão com medo de represálias do TCE, relata Comeces

Moções de repúdio contra TAG proposto pelo Tribunal de Contas já foram protocoladas por 21 municípios

TCE

Vinte e um municípios capixabas (veja lista abaixo) já protocolaram moções de repúdio contra o Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) proposto pelo Tribunal de Contas (TCE-ES) ao governo do Estado e 78 prefeituras. O levantamento é do Comitê Estadual de Educação do Campo (Comeces) e considera documentos elaborados pelos comitês municipais e fóruns de Educação de Jovens e Adultos (EJA), além do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (CEE/Ufes).

Os destinos das notas são basicamente as prefeituras, câmaras de vereadores, secretarias e conselhos municipais de educação. Nessas tratativas, os educadores do campo têm verificado que os gestores locais não querem assinar o acordo, porém estão receosos de se negarem a fazê-lo e sofrerem represálias por parte da Corte de Contas.

“Os vereadores estão com muito receio de ter retaliação do Tribunal de Contas, de não terem as contas aprovadas ou algo do tipo. Os prefeitos também. Apenas um município com quem conversamos até agora disse que quer o TAG. Está sendo uma imposição muito bem orquestrada contra os municípios”, relata Damian Sánchez, representante do colegiado do curso de Educação do Campo da Ufes de São Mateus no Comeces.
A grande mobilização crescente contra o acordo, ressalta o educador, mostra que se perpetua, no Espírito Santo, uma postura de desrespeito e perseguição à educação do campo. “Na perspectiva das comunidades rurais, é um destrato enorme por parte do governo do Estado, porque o Tribunal de Contas não faz nada sem o governo do Estado. E isso num momento crítico, onde cada vez mais as comunidades estão sendo alijadas do seu direito à educação”. 
Damian Sánchez ressalta que “o Comeces não quer rever o Termo, quer que ele seja retirado totalmente de pauta”, pois “é um absurdo obrigar os municípios a tomarem uma série de medidas contra a vontade deles, ignorando o direito dos trabalhadores camponeses a uma educação pública, gratuita e de qualidade e que não coloque em risco a vida de ninguém, como pode acontecer nos transportes nos ônibus escolares”. 
Em alguns municípios, salienta, os debates estão bem articulados. “Esperamos que o Tribunal de Contas possa retirar de pauta esse instrumento que não foi de forma alguma democrático”. Um deles é Santa Maria de Jetibá, na região serrana, onde a Câmara Municipal tem pautado o assunto semanalmente, levando cidadãos a se manifestarem na Tribuna Livre. Na última segunda-feira (6), novamente a juventude de Santa Maria se fez presente, desta vez, a estudante Tâmiles Gomes Pereira, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Graça Aranha.
“O que estão fazendo é vergonhoso. Não conversaram com quem mais precisa saber, que são os professores, alunos, pais e o pessoal do transporte, que está quase louco pra saber quais rotas irão precisar fazer. Tem que ter mais respeito. O governo tem que conversar sim com o povo”, repudiou a jovem, convidada pela vereadora Ivone Schliwe (PDT), que iniciou os debates sobre o assunto no dia 16 de maio
Reprodução

Dirigindo-se ao conselheiro Rodrigo Coelho, que lidera a tramitação do TAG e foi o relator do levantamento que subsidiou a elaboração do termo; ao secretário de Estado de Educação, Vitor de Angelo; e ao secretário municipal, Enoc Joaquim Silva, a estudante pediu: “por favor, vamos parar de dizer que o TAG não existe, vamos parar de adiar [a data da assinatura, conforme foi feito pela terceira vez], porque isso não vai fazer a gente ficar quieto, não, muito pelo contrário, vai fazer com que a gente se revolte mais. Santa Maria não vai parar de lutar pelos nossos direitos, pelas nossas crianças, e principalmente pela democracia. Porque o que está acontecendo com esse TAG não tem nada a ver com diálogo, não tem nada a ver com o que a democracia prega”.

Em sua fala, Tamiles ressaltou a situação já fragilizada do transporte escolar. “O município não dá conta do transporte. A CoopeTranserrana está com contrato emergencial, quando o certo seria licitação. E sabe por quê? O valor que estão oferecendo não dá para arcar com os custos de gasolina, manutenção, que são cobertos pelos motoristas. Se não está bom agora, como vai ser se o TAG for assinado?”, perguntou.

Acompanhando questionamento com base jurídica já feito pela União dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme), pelo deputado Sergio Majeski (PSDB) e por membros de comunidades rurais de Santa Maria, Tamiles também acentuou a ilegalidade da iniciativa do Tribunal de Contas em propor políticas de gestão da Educação. “Até onde eu sei, é um órgão é fiscalizador, mas propor políticas públicas é função do poder Legislativo ou Executivo”.

Em entrevista a Século Diário, a jovem citou ainda o Plano Estadual de Educação (2015-2025). “Ele diz que a promoção do princípio da gestão democrática da educação deve ser seguida pelo Estado e os municípios. Quando fala em ser democrático, significa inserir, pais alunos comunidade e professores.

Justamente o que o Tribunal não está fazendo. A cláusula 7.3 diz ainda que ‘homologado o presente TAG, os comissários renunciam a todo e qualquer direito de questionar os termos ajustados’. Um absurdo! Falar que a assinatura foi adiada mais uma vez não tem valor nenhum para mim, enquanto esse documento estiver no site do Tribunal de Contas, podendo ser retomada a qualquer momento. Ele precisa ser suspenso”.

Municípios que protocolaram notas de repúdio

Água Doce do Norte, Águia Branca, Anchieta, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Cariacica, Colatina, Conceição da Barra, Domingos Martins, Itapemirim, Jaguaré, Marechal Floriano, Montanha, Nova Venécia, Pinheiros, Ponto Belo, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, São Gabriel da Palha, Serra e Vargem Alta. 


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https://www.seculodiario.com.br/educacao/quando-todo-mundo-fala-a-mesma-lingua-fica-mais-facil

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