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Professores da Ufes sinalizam greve para o próximo semestre

Diante dos inúmeros ataques do governo Jair Bolsonaro à educação pública, à Previdência Social e aos direitos dos trabalhadores, docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) se unem para iniciar uma série de protestos. Entre as ações, não está descartada a possibilidade de uma greve da categoria no próximo semestre. Nesta quinta-feira (25), a diretoria da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) e representantes de sindicatos, movimentos sociais e estudantis discutirão as estratégias de mobilização. O encontro será às 17 horas, no Campus de Goiabeiras, em Vitória.

Dois dias de luta já estão definidos. O primeiro contra a reforma da Previdência, no dia 6 de agosto, quando ocorre a votação em segundo turno do projeto. O outro no dia 13 de agosto, quando está marcada a paralisação nacional em defesa da educação pública. No encontro, segundo a Adufes, os presentes vão definir a participação nas duas ações e outras atividades contra os cortes de verbas e os ataques à autonomia universitária.

O presidente da Adufes, professor José Antônio da Rocha Pinto, destaca a importância da reunião. “Precisamos intensificar as lutas e ocupar as ruas com ampla participação dos trabalhadores contra o desmonte das universidade públicas e a reforma da Previdência”, disse. 

Nesta semana, professores da universidade também divulgaram um manifesto, intitulado “Manifesto pela unidade da(o)s docentes em defesa da universidade e previdência públicas”.

Com assinaturas iniciais dos professores Andrea Dalton (Serviço Social), Bernardete Gomes Mian (Educação – aposentada), José Antônio da Rocha Pinto (Matemática), Juliana Iglésias Melim (Serviço Social), Leonardo de Resende Dutra (Ciências Contábeis), Maria Daniela Macedo (Terapia Ocupacional), Raphael Góes Furtado (Física – Ceunes), Ricardo Roberto Behr (Administração – aposentado), o documento expressa a preocupação com fim da universidade pública e conclama pela união dos professores da Ufes, deixando de lado as diferenças ideológicas e partidárias.

“A universidade pública é a bola da vez dos ataques do governo Bolsonaro. Além dos cortes e da intervenção nas eleições para reitor, com o programa 'Future-se' é decretada a morte da universidade pública. Se esse projeto for implementado, a universidade vai virar um balcão de venda de serviços ao mercado. Acaba qualquer autonomia sobre os rumos da pesquisa. A extensão e o ensino serão totalmente secundarizados. Apenas aquelas áreas que tiverem produtos que se adequam a ser vendidos nessa verdadeira feira livre terão como se sustentar. Os outros serão sucateados. O ministro do guarda-chuva diz que os professores vão ficar muito ricos. Isso é uma grande mentira! Os salários ficarão cada vez mais arrochados e só alguns daqueles que, na prática, deixarem de ser professores e tornarem-se prestadores de serviços para grandes empresas, usando os laboratórios, alunos e o nome da instituição, ganharão”.

 

O documento relata o projeto de terceirização da Universidade. “Não haverá mais concursos públicos, todos serão contratados pela OS (organização social) que irá substituir a universidade. Todos serão terceirizados com grande possibilidade do retorno do apadrinhamento político na ocupação dos cargos. Os atuais trabalhadores das universidades serão pressionados a aderir às OSs pelo arrocho dos salários.  Além disso, tramita no Congresso o fim da estabilidade dos servidores públicos que, através de 'avaliações de desempenho' com alto grau de subjetividade, funcionários públicos poderão ser demitidos. Levando-se em conta que Bolsonaro deixa claro que não irá respeitar as eleições para reitor das universidades, teremos interventores nomeados, como exemplo em outras instituições, que também nomearão diretores de centro não eleitos para perseguir aqueles que não se alinharem com a lógica da destruição das universidades públicas”.

 

Por fim, o manifesto conclama pela união dos docentes: “…Por isso mesmo, pela necessidade de estar juntos, é que não podemos nos dividir. Chamamos todos os docentes da Ufes a se unificarem em torno de nosso sindicato, ajudando a fortalecê-lo, construindo a luta tão necessária. Não é hora de se autoproclamar! Não é hora de por assuntos menores em primeiro plano! É hora de lutar contra Bolsonaro e cia. É um crime dividir o movimento docente em um momento tão grave! Vamos todas e todos construir juntos a resistência da universidade pública contra os ataques de Bolsonaro! Vamos construir um movimento unitário, por cima de nossas diferenças. Para fazer a luta, tão necessária, fortalecendo unificadamente nossa ferramenta de lutas, o nosso sindicato!”. 

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