Os professores de rede municipal de ensino de Vila Velha fizeram um protesto na manhã desta quinta-feira (5) em frente à Secretaria Municipal de Educação (Semed), no bairro Olaria, Vila Velha, onde aconteceram duas reuniões com a gestora da pasta, Adriana Chagas Meireles Zurlo. A primeira foi sobre a necessidade de ajustes no Plano de Cargos e Salários do magistério. Na outra, foram discutidas ações em prol do fortalecimento da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O novo Plano foi aprovado na Câmara de Vereadores na última semana de dezembro. Na reunião desta quinta-feira, os docentes, por meio de uma comissão formada por representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) e profissionais da base, iam reivindicar que não fosse sancionado, mas a sanção ocorreu nessa segunda-feira (2), pegando os professores de surpresa. Diante disso, eles defenderam ajustes no Plano.
A professora Luanda Firme informa que foi reivindicado o retorno da progressão por tempo de serviço e a análise das regras de enquadramento, pois no novo Plano quem já teve progressão pode ter queda na faixa. No Plano sancionado, somente a promoção por mérito foi mantida. De acordo com a docente, a secretária assumiu o compromisso de encaminhar as demandas para a secretaria de Obras, Planejamento e Projetos. Uma nova reunião, para dar o repasse da conversa entre as pastas, ficou marcada para 17 de janeiro.
A participação dos profissionais da base na reunião desta quinta-feira foi deliberada em assembleia do Sindiupes. Conforme afirma o professor Vinícius Machado, ao reivindicarem que a representação não fosse feita somente pelo Sindiupes, os trabalhadores apontavam para uma “construção coletiva e garantia de que a base será ouvida”. Ele afirmou, na ocasião, que o diálogo do sindicato com a gestão tem sido “de portas fechadas”, que a entidade “não mobiliza” nem convoca assembleia.
No caso da EJA, um dos fatores que motivaram a reunião foram o fechamento de turmas em sete escolas. Participaram do encontro a secretária de Educação e sua equipe, o Fórum de EJA professores da rede municipal e um estudante. Vinícius relata que a gestão alegou que o fechamento das turmas é por causa de “falta de demanda”. “Fizemos todos os apontamentos sobre a ausência de diálogo com a comunidade escolar, a situação dos trabalhadores e trabalhadoras da educação que vão ser remanejados e os impactos que esse fechamento irá causar para os estudantes da EJA, sobretudo a evasão”, diz.
Um dos encaminhamentos feitos foi criação de um grupo de trabalho com representantes do Fórum de EJA e da secretaria para elaboração de um projeto de reestruturação da EJA. O integrante do Fórum, Carlos Fabian de Carvalho, afirma que em Vila Velha a EJA precisa de uma reestruturação pedagógica, curricular e de acesso. Uma das situações que precisam ser revistas, afirma, é o fato de a EJA ter sua estrutura curricular referenciada no ensino fundamental, sendo que o currículo deveria ser adaptado à realidade daquele grupo de alunos.
Também foi encaminhado que será feito levantamento e acompanhamento caso a caso da situação dos estudantes das turmas que serão fechadas. Fabian relata que a gestão está direcionando os alunos para unidades de ensino mais próximas, entretanto, há fatores dificultadores, como a briga por território nos bairros. O mapeamento vai servir de base para uma possível revisão do fechamento de turmas.