Reivindicação quer romper silêncio do Sindicato mediante desejo do governador de abrir ensino médio em outubro
Representando uma das categorias de maior capilaridade na sociedade, devido ao grande número de profissionais (cerca de 90 mil) e à presença em todos os municípios, nas zonas rurais e urbanas, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) está sendo solicitado a se posicionar mediante o desejo manifestado reiteradamente pelo governador Renato Casagrande (PSB) de reabrir o ensino médio no próximo mês de outubro.
A reivindicação foi feita nesta sexta-feira (11) pelos coletivos Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação (LUTE-ES) e Resistência e Luta Educação, à direção do Sindiupes, acusada, pelos educadores que compõem os coletivos, de se manter inerte diante do delicado cenário da educação capixaba durante a pandemia de Covid-19.
O pedido é pela convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, por meio eletrônico, cuja pauta é a apreciação da possibilidade de “greve geral sanitária da categoria, nas redes municipais e estadual, em defesa da saúde e da vida das trabalhadoras e trabalhadores da educação e demais membros da comunidade escolar, e contra a ameaça de retorno às aulas presenciais feita pelos governos Estadual e Municipais do Espírito Santo”.
“Entendemos que só é possível falar em retorno com a imunização de toda a comunidade escolar e não aceitamos que o nosso sindicato se furte a esse urgente debate. Esperamos que o Sindiupes acolha a solicitação de sua base e organize os meios adequados para a realização dessa assembleia, conforme orienta e regulamenta os dispositivos legais vigentes”, informaram os educadores em suas redes sociais.
“Nem deveriam estar abertas”
Enquanto no Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) decretou a manutenção das atividades não presenciais até dezembro de 2020, e no Rio de Janeiro a Justiça do Trabalho determinou a suspensão do decreto governamental que decidia pelo retorno das aulas presenciais a partir de meados de setembro, no Espírito Santo, Casagrande e seu secretário de Educação, Vitor de Angelo, se empenham para justificar a viabilidade de reabrir as escolas de educação básica, com base em um Plano de Retorno às Aulas Presenciais da Rede Pública Estadual que sugere procedimentos de luto nas escolas, em caso de óbito de estudantes ou profissionais – protocolo chamado de mórbido pelo dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. “Se há risco de óbito, e é óbvio que há, não é aceitável o retorno às aulas presenciais”, disse Daniel em reportagem da revista Carta Capital.
Na matéria, o secretário Vitor de Angelo diz que a Sedu irá levar em conta a situação das unidades ao pautar o retorno. “Sabemos que a situação da rede pública brasileira carece de ajustes, mas onde estavam essas pessoas que estão reclamando só agora? Uma escola que não oferece água nem devia estar funcionando”.