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Professores protestam em frente à Sedu contra retorno das aulas

Grupo também protocolou manifesto nesta sexta-feira e homenageou professores mortos pela Covid-19

Divulgação

O tão falado “novo normal”, como muitos chamam o esperado período que se iniciará depois da pandemia do coronavírus, vai ser marcado por ausências em diversos espaços, inclusive os escolares. Coletivos e entidades sindicais de professores do Espírito Santo apontam que cerca de 15 colegas de profissão morreram em decorrência da Covid-19, mas eles acreditam que o número seja maior. Os falecidos foram homenageados na manhã desta sexta-feira (24) em frente à Secretaria de Estado da Educação (Sedu), na Avenida Cezar Hilal, em Vitória, onde foi realizado um protesto e protocolado um manifesto contra o retorno das aulas presenciais em plena pandemia.

O ato foi organizado pelos coletivos Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação do Espírito Santo (Lute/ES), Sindiupes Pela Base e Resistência e Luta Educação, além da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Estado (Sintufes) e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). O grupo contou com o apoio do Fórum em Defesa dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que reúne cerca de 50 entidades. 

Durante o ato, bonecos foram colocados em frente à Secretaria simbolizando corpos empilhados. No manifesto protocolado na Sedu, os trabalhadores demonstram preocupação com “as movimentações recentes do Governo estadual e da Secretaria de Educação (Sedu) na mídia e publicações oficiais, pela reabertura das escolas ainda no segundo semestre de 2020”. Para eles, o governador Renato Casagrande (PSB) e o secretário de Educação, Vitor de Angelo, “têm cedido aos empresários da educação privada para o retorno às aulas, com a taxa de transmissão elevada e sem escutar a comunidade escolar”.

Os manifestantes também destacaram que a pandemia está estabelecida no Espírito Santo, com cerca de 74 mil casos de Covid-19, além de 2.341 óbitos. De acordo com os professores, esta sexta-feira foi escolhida para a realização do protesto por ser o dia no qual o governador irá fazer um pronunciamento público sobre a reabertura das escolas no Estado. “Ele já havia afirmado que as aulas presenciais só voltariam caso houvesse a ‘estabilização’ do contágio e o Índice de Transmissão [Rt] ficasse abaixo de 1. Será que a previsão do governo pode ocorrer? Ou seja, no segundo semestre, caso a Taxa de Transmissão (Rt) fique abaixo de 1, as escolas do Estado serão reabertas?”, questionam. 

Os professores destacam, ainda, as precárias condições das escolas, já que muitas nem sequer têm materiais de higiene, o que é impedimento para cumprir de forma rigorosa os protocolos sanitários. “O fato é que o Estado não garante objetivamente tais condições. Se essa precariedade vem sendo evidente na área da Saúde, imagine na Educação, onde o universo de unidades e pessoas envolvidas é muito maior”, aponta o manifesto.

Israel David de Oliveira Frois, professor e integrante do Resistência e Luta Educação, afirma que, diante dessa realidade, os mais prejudicados serão os estudantes e profissionais da educação das periferias.  “Sem vacina não pode ter aula presencial. Nas periferias, o retorno das aulas traria prejuízo bem maior, pois são locais onde o isolamento está bem mais flexível e onde as escolas normalmente não têm uma boa infraestrutura”, diz. 

Os professores defendem que é necessário reduzir o ritmo de crescimento do número de novos casos e, consequentemente, de mortes. Para eles, a manutenção dos índices atuais projeta um cenário que tende a piorar e que pode ser agravado caso haja retorno das aulas presenciais. “Reabrir as escolas é um ato criminoso”, conclui a integrante do Coletivo Sindiupes Pela Base, Ana Paula Rocha.

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