A comunidade de Afonso Cláudio (região Serrana) venceu a queda de braço com a representante da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) no município. As matrículas para o primeiro ano do ensino médio em três comunidades do interior foram reabertas nesta terça-feira (27). Os 52 adolescentes que estavam prejudicados com a posição da Sedu têm agora até o dia dois de março para se matricular.
Por acordo negociado com o subsecretário da Educação, Eduardo Malini, obtido com protesto dos moradores de Afonso Cláudio em Vitória, inclusive com o fechamento de ruas, ficou estabelecido que o ensino médio no município seria reaberto em três comunidades.
Em protesto contra a superintendente da Educação em Afonso Cláudio, Lucirlene Ornela da Silva Velten, que não cumpriu o acordo negociado pela comunidade na Secretaria de Estado da Educação (Sedu), nesta segunda-feira (26), às 15 horas, pais, mães e alunos trancaram a cadeado a Superintendência da Educação.
O protesto foi feito por um grupo pequeno, de pouco mais de dez pessoas, que representavam todos os prejudicados, que são das comunidades de Piracema, Vila Pontões e Fazenda Guandu.
Às 19h02 foi feito o primeiro informe sobre o protesto na mídia social. “Pais e mães trancam porta da superintendência regional de educação de Afonso Cláudio com correntes, exigindo resposta sobre o direito de matricular seus filhos/as nas escolas urbanas e do campo que tiveram séries encerradas no município de Afonso Cláudio”.
Não tardou novo registro na mídia social. Feito às 21h08, informava: “Prezados colegas: Matrículas abertas a partir de amanhã, até dia 2, para reativação da 1ª série do ensino médio. Sucesso na negociação. Deixamos a Superintendência!”.
Mata Fria
A vitória das três comunidades de Afonso Cláudio aponta a necessidade de manutenção da luta em uma outra comunidade do município, a da Mata Fria. Lá, cerca de 90 alunos foram expulsos da sua escola pela Sedu, que fechou o ensino médio noturno na escola local. E fechou só para obrigar os alunos a estudar na escola vitrine do governo do Estado, a Escola Viva, na sede do município.
A comunidade rejeita o fechamento do ensino médio, exigindo sua reabertura. Citam que os adolescentes estão amparados pelas leis, inclusive pela Constituição Federal.
Uma das razões de os estudantes e seus familiares não aceitarem o fechamento das escolas e do ensino noturno nas suas comunidades é que, no campo, a formação do jovem passa pelo trabalho que realiza junto com os seus pais na lavoura. Ele se capacita a dar continuidade ao trabalho familiar, o que facilita sua permanência no campo, escapando do êxodo rural, além de gerar renda para si e para a família. É assim desde tempos imemoriais.
Ao todo o governo do Estado fechou escolas e o ensino médio noturno em 42 localidades do Estado, de norte a sul, de lesta a oeste. Com a medida, o governo capixaba afasta a possibilidade de estudar em comunidades próximas de suas residências para milhares de alunos, o que é assegurado por lei.