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Rede estadual está quase pronta para o retorno às aulas, afirma secretário

Vitor de Angelo disse que pandemia ressaltou o “diálogo” como pilar da gestão, na contramão das críticas e protestos de coletivos da área

A rede estadual de ensino capixaba está quase pronta para o retorno às aulas, faltando apenas algumas escolas receberem os últimos insumos que compraram. A afirmação foi feita pelo secretário de Estado de Educação, Vitor de Angelo, em coletiva de imprensa virtual sobre os dados de 2019 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), realizada na tarde desta terça-feira (15), juntamente com o governador Renato Casagrande (PSB). 

“Algumas escolas estão em vias de receber alguns insumos que compraram ou algum equipamento, como dispensers de álcool em gel de parede ou em totem, que adquiriram pela internet ou no comércio local. Então, podem não estar totalmente preparadas, mas estão em vias de”, afirmou. 


As compras em finalização, explicou o secretário, foram feitas com os R$ 12 milhões transferidos pelo governo do Estado há quase dois meses e a um segundo montante enviado mais recentemente.

“Eu tenho percorrido pessoalmente todas as superintendências, faltam apenas duas. Tenho visto os diretores e as equipes de gestão preparando as escolas dentro das condições que nós estabelecemos junto com a Secretaria de Saúde e que demos condições para que fossem cumpridas, a partir dessa transferência direta de recursos”.

Para o governador, a demora no retorno das aulas na rede estadual é uma situação que o “angustia nesse período de pandemia”. “Minha torcida é pra continuar reduzindo a taxa de contagio, que já está bem menor, em 0,3 no Espírito Santo, e reduzindo também o número de óbitos, para gente voltar com atividade presencial, mesmo que com dias alternados, o que ajudará a recuperar o vínculo e o aprendizado de 2020”, disse, destacando o fato de o Estado ter viabilizado “imediatamente as atividades remotas”. “Não esperamos passar três, quatro, cinco meses para manter esse vínculo da família com a escola”.

Casagrande mencionou ainda o “esforço gigantesco da nossa equipe ano que vem para que a gente vá bem em 2021 e recupere um pouco do que perdeu de conteúdo em 2020, para continuar nesse embalo [de crescimento dos índices do Ideb]”.

“Estamos tomando isso como desafio para 2021 e 2022. É importante aproveitar o embalo de conquistas para trabalhar nesses dois anos”, concordou Vitor de Angelo, explicando que o esforço será para que os estudantes se preparem para as provas de Matemática e Português do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos critérios para definição do Ideb, juntamente com o fluxo, que mede o percentual de estudantes matriculados que são aprovados.

“Vamos fazer um biênio 2020-2021 para dar os componentes curriculares que sequer foram ministrados em 2020. Não é dar aula de reforço, para recuperar a aprendizagem do que já foi aprendido. Vai ser um ano [2021] para ensinar o que não foi ensinado em 2020”, descreveu.

Evasão
Ambos os gestores destacaram a importância de “trazer de volta” os alunos que estão evadindo durante a pandemia do coronavírus, percentual que está em torno de 15%, segundo divulgado em ocasiões anteriores pela Sedu. “Atividade remota chega para muita gente”, disse Casagrande, reconhecendo que nem todos estão conseguindo acompanhar as atividades não presenciais do Programa EscoLAR e que será necessária uma busca ativa, na pós-pandemia, com apoio dos governos municipais. 
Vitor lembrou que a aprendizagem e a evasão, os dois componentes do Ideb, estão sendo prejudicados. “A tendência é que haja queda e prejuízo para educação pública e privada”, salientando que o próximo índice será publicado em 2022, às vésperas das eleições, “com todo o risco de ser politizado”. “A pandemia trará prejuízos pra educação, mais fortes para educação pública. Os estados com uma rede privada maior têm tendência a uma melhor avaliação no Ideb”, vislumbrou.

‘Cultura da reprovação’
Nesse sentido, o secretário chamou atenção para a necessidade de mudar a “cultura de reprovação”. “Dos alunos reprovados em 2018, 75% não estavam na nossa rede em 2019”, informou. É preciso “fazer uma reflexão sobre a cultura da reprovação. Essa vida que se perdeu não se perdeu só na escola”, pediu. O Estado Presente, declarou, mostra que jovens que se envolvem em crimes, seja cometendo ou vítimas de crimes, são principalmente jovens em idade escolar, com distorção idade-série e que evadiram da escola após sucessivas reprovações. 
Diálogo
Apesar de alvo de críticas e protestos de coletivos e profissionais da área, Vitor de Angelo ressaltou ainda que a pandemia está evidenciando “a nossa postura de diálogo, como governo e como Secretaria de Educação”, que é um dos “três pilares da gestão”, ao lado de “foco nos parâmetros avaliativos e diminuição da desigualdade na rede”. 
“Ou seja: dialogar sim, mas sem perder de vista os parâmetros que avaliam a qualidade da nossa rede, sem perder de vista por exemplo o Ideb. Fico muito contente de perceber nessa data os resultados divulgados hoje pelo Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], que não só conseguimos dialogar, mas também obter excelentes resultados nos parâmetros que nos avaliam. E além disso também diminuir a desigualdade dentro da rede”. 
Reivindicações
Professores do Estado reunidos em coletivos têm denunciado a imposição de retorno às aulas presenciais e de acesso dos estudantes ao programa EscoLAR, sem que as necessidades da categoria e dos estudantes e suas famílias sejam efetivamente atendidas.

Nesta terça-feira (15), o Sindiupes pela Base, coletivo de oposição ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), protocolou o documento “Educação e Pandemia: Considerações e Propostas para a Rede Estadual” no Ministério Público Estadual (MPES), na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e na Sedu, além de ter sido enviado para a diretoria do Sindiupes. 
O documento é uma síntese das formulações feitas pelos profissionais em plenária virtual realizada no dia 31 de agosto e aponta, entre as reivindicações: que o Fórum Estadual de Educação seja a instância deliberativa final sobre o possível retorno às aulas presenciais e as condições do trabalho remoto durante a pandemia; que seja garantida a manutenção do contrato de trabalho dos profissionais que atuam na educação; acompanhamento dos profissionais de educação e estudantes no que tange aos problemas psicossociais decorrentes do contexto de pandemia; processos formativos para capacitação dos profissionais quanto ao uso das novas tecnologias; que o retorno às aulas presenciais aconteça simultaneamente na rede pública e na rede privada, garantindo assim a igualdade do acesso à educação; garantia de afastamento de estudantes e trabalhadores do grupo de risco; e garantia de testagem de todos trabalhadores da educação e estudantes.

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