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Sem diálogo, gestão de Pazolini fecha turmas da Educação de Jovens e Adultos

Fórum de EJA alerta que estudantes dessa modalidade de ensino são os mais prejudicados na pandemia da Covid-19

O Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Espírito Santo enxerga com preocupação a redução do número de turmas de EJA na capital Vitória. Segundo o integrante do Fórum, Carlos Fabian de Carvalho, foram identificadas 14 turmas a menos para o ano letivo de 2022, o que representa redução de cerca de 300 vagas para estudantes. A medida da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), critica, foi tomada sem diálogo com a comunidade escolar.

A diminuição foi identificada quando as escolas receberam o fluxo escolar, que define a quantidade de turmas e séries que irão funcionar no ano posterior. Nesse momento a comunidade escolar também soube da transformação da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) José Lemos de Miranda, em São Pedro, em colégio de tempo integral. Carlos Fabian denuncia que o fechamento de turmas foi feito sem que haja ampliação em outras unidades.

“Se não tiver demanda em Jardim da Penha, por exemplo, posso fechar, mas tenho que abrir em São Benedito, que tem. Políticas de educação devem ser construídas com diálogo permanente, pois as pessoas não são mercadoria, são sujeitos de direito, e têm que ser atendidas em suas especificidades”, defende.
Ele acredita que os estudantes dessa modalidade de ensino são os mais prejudicados na pandemia da Covid-19. “São trabalhadores, idosos, arrimos de família, são os que menos têm acesso à internet, a computador. Entre os mais vulneráveis, os mais vulneráveis estão na EJA”, afirma.
Diante dessa realidade, com o retorno das aulas presenciais, percebeu-se uma retomada gradativa dos estudantes do Ensino Fundamental, e uma muito pequena da EJA. “Muitos tiveram medo por serem idosos, portanto, grupo de risco para Covid-19, muitos ficaram desempregados, entre outros problemas”, aponta Carlos Fabian, que relata que houve busca ativa pelos estudantes por parte da escola, feita por iniciativa das unidades de ensino.
“Foi algo que partiu das escolas, e não do gabinete da secretária [Juliana Roshner], que não pensou uma política macro de busca ativa que envolvesse campanha nas mídias, igrejas e equipamentos públicos. Todo nosso esforço foi premiado com redução de turmas e responsabilização das escolas. É como se, diante da retomada pequena dos estudantes da EJA, prevalecesse a lógica de que investir nessa modalidade é desperdício de recurso público”, desabafa.
Uma das alunas prejudicadas pela política de fechamento de turmas é Edite Gomes de Jesus, de 73 anos. Ela resolveu voltar aos bancos escolares em 2020. “Eu estou triste. Não pude estudar, morava na roça. Vim morar em Vitória, tomei a decisão e vim para a escola. Agora a escola que me abraçou com todo amor, com todo carinho, ele [o prefeito Lorenzo Pazolini] vem puxar o nosso tapete? Isso é muito feito, é triste para um prefeito fazer isso”.
Em abril último, profissionais da EJA, o Fórum de EJA, o Fórum de Diretores e o grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix) denunciaram, por meio de nota, a precarização da modalidade de ensino na Capital. “A precarização coloca em situação de desamparo estudantes historicamente desamparados, que já foram vítimas da negação do direito à educação”, disse, na ocasião, o diretor executivo da PAD-Vix, Aguinaldo Rocha de Souza.
Entre as críticas estavam o gradativo nucleamento de turmas e diminuição da oferta; encerramento de assessorias junto aos coletivos de pedagogos e coordenadores das escolas que ofertam a EJA; aumento da lógica do empreendedorismo liberal; além da ausência de garantia de continuidade dos processos de formação continuada.
O documento foi protocolado na Prefeitura de Vitória, reivindicando “o retorno aos espaços de interlocução e construção coletiva das práticas que têm feito parte da história desta modalidade nos últimos 20 anos”. As entidades afirmaram acreditar “na valorização da participação e envolvimento dos sujeitos da ação educativa em todos os processos que constituem o labor escolar” e apostar “na construção conjunta de estratégias pedagógicas que tenham como horizonte o direito à educação e os princípios da igualdade de acesso ao conhecimento para todas e todos”.
Por isso, assumiram o compromisso de se esforçar para a manutenção das turmas de EJA e reivindicaram que após o retorno presencial das aulas, elas fossem ampliadas, “com vistas a garantia do direito à educação”.

O grupo destacou no documento que “os sujeitos da EJA sofrem diretamente com a diminuição significativa da atividade econômica e ausência de políticas públicas de proteção”, referindo-se aos impactos da crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19. No contexto educacional, afirmava a nota, esse sofrimento se agravava “com as dificuldades estruturais que excluem nossos educandos do acesso, não apenas aos bens sociais e materiais, mas fundamentalmente, aos bens culturais e tecnológicos”.


Professores denunciam precarização da EJA e falta de diálogo com a PMV

Precarização desampara estudantes que já são vítimas de negação histórica, apontam docentes, que protocolaram nota na prefeitura


https://www.seculodiario.com.br/educacao/professores-denunciam-precarizacao-da-eja-e-falta-de-dialogo-por-parte-da-pmv

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