Coletivo de mães e estudantes com deficiências realiza ato em frente à Reitoria contra ensino remoto
“Se um deles [estudantes com deficiência] ficar de fora não pode se dizer que a universidade cumpre sua missão”. A afirmação é do Coletivo Mães Eficiente Somos Nós (MESN), que realiza, na próxima quinta-feira (6) um Ato em frente à Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em repúdio ao programa de Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte), em implementação.
O objetivo, enfatizam as mães, é a “defesa da permanência dos estudantes com deficiência na Universidade Federal do Espírito Santo”. “Que nenhum dos nossos sejam deixados para trás!”, conclamam.
“Muitos desses estudantes sequer têm apoio e recursos tecnológicos acessíveis em casa para acessar às aulas virtuais e, mesmo com recursos tecnológicos, muitos não conseguirão acessar as aulas, devido às várias dificuldades enfrentadas neste período de pandemia, já pré-existentes, porém acirradas e potencializadas na crise imposta pela Covid-19”, argumentam.
O Earte, afirmam, tem tramitado dentro da Universidade “sem diálogo com os estudantes com deficiência e também com este coletivo”. A proposta das organizadoras é que o Ensino-Aprendizagem Remoto seja cancelado e que “o semestre letivo seja retomado apenas quando a crise pandêmica passar”.
A Ufes é ainda uma das instituições capixabas signatárias do Fórum Permanente de Educação Inclusiva, que realiza, de 26 a 30 de outubro, o VI Seminário Nacional de Educação Especial e XVII Seminário Capixaba de Educação Inclusiva, cujo tema é: Educação Especial como direito: pública, gratuita, laica, de gestão democrática e de qualidade socialmente referenciada.
Estudantes sem deficiência também desaprovam
Na ocasião, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) reafirmou sua posição, de suspensão do calendário acadêmico, a exemplo do que foi decidido por 70% das universidades brasileiras.
Mediação do professor
O professor do Centro de Educação da Ufes e especialista em Educação Especial, Douglas Ferrari, apoia a mobilização feita pelo Coletivo Mães Eficientes Somos Nós, por não concordar com as aulas remotas, seja na educação básica ou superior.
Para o acadêmico, que também tem deficiência – baixa visão – mesmo que as promessas de recursos que garantam a acessibilidade dos estudantes com deficiência sejam efetivadas, as aulas remotas ainda assim não são a solução, principalmente devido à redução drástica da mediação do professor.
Douglas também defende que o momento atual deve ser dedicado a ” planejar o retorno”, tendo julho de 2021 como horizonte razoável de retomada das aulas letivas, data em que se estima haver a popularização da vacina.