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Sem participação de candidata bolsonarista, Ufes faz consulta para novo reitor

O clima de campanha já está instalado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que iniciou o seu período eleitoral para escolha de nova reitoria. Pela primeira vez em 65 anos de história, a única universidade pública do Estado pode ser comandada por uma mulher, já que as três chapas que se apresentaram até o momento são encabeçadas por professoras da instituição.

Apenas duas delas, porém, participam da consulta à comunidade acadêmica que acontece nesta quarta-feira (6), de 7h às 21h, em todos os campi da Ufes no Espírito Santo. Isso porque a pré-candidata Surama Freitas, professora do Departamento de Medicina Veterinária, que lidera a Chapa Nosso Partido é a Ufes, não participará da consulta, que não é oficial nem deliberativa, sendo realizada por entidades representativas de professores, estudantes e servidores.

Alinhada às ideias do presidente Jair Bolsonaro, Surama aposta na indicação pela lista tríplice que é feita pelo Colégio Eleitoral, formado pelos três Conselhos Superiores da Ufes, tendo em sua composição ampla maioria de professores. Essa lista com três nomes é enviada para o presidente da República, que tem a palavra final para indicação do reitor.

A tradição dos tempos democráticos vinha sendo de respeitar o resultado da consulta e chancelar o vencedor da mesma como reitor da instituição. Mas a situação mudou com a eleição de Jair Bolsonaro. De acordo com levantamento do site G1, entre janeiro e agosto deste ano, em seis das 12 oportunidades, Bolsonaro optou por não indicar o vencedor da consulta à comunidade acadêmica.

Sendo assim, a votação desta quarta-feira terá a Chapa 1 – Renovação: Nossa Ufes Eficiente e Transparente, representada por Gláucia Abreu, professora e diretora do Centro de Ciências da Saúde, e a Chapa 2 – Juntos pela Ufes, comandada pela atual vice-reitora e professora de Enfermagem Ethel Maciel.

Gláucia, que foi derrota na última eleição em 2015 pelo atual reitor Reinaldo Centoducatte, vem com discurso de oposição, apontando que há 24 anos a Ufes vem sendo administrada pelo mesmo grupo político, tendo passado José Weber Macedo, Rubens Rasseli e Reinaldo Centoducatte, todos se reelegendo e sendo sucedidos por seus vice-reitores. Com discurso de renovação, aponta como eixos centrais transparência, gestão participativa, eficiência pluralidade e integração.

Já a candidatura de Ethel coloca como princípios a educação pública, gratuita e de qualidade, a autonomia universitária e o respeito aos direitos humanos, à inclusão social à diversidade e à sustentabilidade.

A Comissão Independente de Pesquisa Informal, que coordena a consulta, aponta três objetivos com a realização da consulta à comunidade acadêmica: manter a tradição da Ufes em ouvir a comunidade interna, antes de votar a composição da lista tríplice; organizar os tradicionais debates, em todos os campi, entre os futuros candidatos e candidatas; e dar ampla divulgação sobre a opinião da comunidade interna para que o Colégio Eleitoral possa refletir sobre a questão. 

O resultado será encaminhado para o Colégio Eleitoral, que vota no dia 5 de dezembro as chapas que comporão a lista enviada ao presidente.

A Ufes possui 103 cursos de graduação, 62 de mestrado e 31 de doutorado, contando com uma comunidade acadêmica que envolve um quadro de quase 1.800 professores, dois mil servidores e mais de 20 mil estudantes.

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