A gestão do prefeito Luciano Rezende (Cidadania) anunciou nesta quarta-feira (14) que as aulas presenciais na rede municipal de ensino não retornarão em 2020. A decisão, segundo a Secretaria Municipal de Ensino (Seme), foi tomada diante do índice de 80% de rejeição às atividades presenciais por parte das famílias dos estudantes, apontada por uma pesquisa feita pela secretaria. A decisão é acertada, avalia o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) e representante dos professores da rede municipal de Vitória, Dimitri Barreto, mas foi motivada, acredita, em virtude da proximidade das eleições.
“As eleições estão aí e os professores não são favoráveis ao retorno das aulas presenciais. A decisão é uma forma de tentar eleger o candidato do prefeito”, diz, referindo a Fabrício Gandini (Cidadania). Dimitri destaca que desde o início a posição do Sindiupes em relação ao retorno das atividades presenciais foi de oposição, assim como a da Associação de Pais de Alunos do Espírito Santo (Assopaes), mas, afirma, a Prefeitura nunca se abriu ao diálogo com a entidade, apesar das tentativas. Segundo Dimitri, “escola não é bar, não é pracinha, não é cinema. Tem uma dinâmica diferente desses lugares. Tem que esperar os índices de contaminação baixarem”, defende.
O diretor do Sindiupes destaca que há escolas que não têm infraestrutura para garantir as condições sanitárias necessárias em meio à pandemia da Covid-19. Ele aponta, ainda, que a falta de diálogo com os professores durante a pandemia partiu tanto do governo estadual quanto da gestão de Luciano Rezende. “Ambos governaram através de decreto, passando por cima dos conselhos de educação”, afirma. Dimitri declara que a entidade tentou dialogar com a prefeitura de Vitória sobre diversos assuntos, inclusive a determinação de trabalho remoto.
“Nós somos trabalhadores. Vendemos nossa força de trabalho. Nos dirigimos ao local de trabalho. É lá que há a produção de conhecimento e saber. O local onde se dá a educação é na escola. De uma hora para outra passou para a nossa casa. O município não gastou dinheiro com água, pegou a internet que eu pago e se ausentou como poder público. Não ofereceu auxílio de computador, internet, ou qualquer coisa que seja”, denuncia.
O Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev), no dia sete de outubro, já havia decidido por unanimidade que as aulas presencias
não devem retornar na rede municipal de ensino em 2020. Diante disso, cabia à Secretaria Municipal de Educação se posicionar sobre o assunto. “A gente entende que não houve uma política de testagem da comunidade escolar e alguns espaços têm que ter cuidados específicos, como a garantia de ventilação”, diz. Na ocasião os professores consideram a decisão lúcida.
“Quem vai se responsabilizar caso morra alguém? Isso é muito sério. É a vida das pessoas, da comunidade escolar. Esse vírus é altamente contagioso. Estudar é um direito. Nós, professores, lutamos por políticas públicas, por educação de qualidade, mas o que está em jogo é a vida das pessoas”, alertam.