Majeski pede que Sedu providencie outro espaço para funcionamento da escola até conclusão da reforma
O sonho virou pesadelo. Reivindicada desde o último governo de Paulo Hartung, a reforma da escola Pedro de Alcântara Galveas, em Dores do Rio Preto, na região do Caparaó, foi finalmente autorizada no final de 2020 pelo governador Renato Casagrande (PSB), com previsão de custar R$ 5,5 milhões e durar 900 dias.
Um investimento grandioso na qualidade da educação, mas que, da forma como está sendo implementado, tem agravado os transtornos que a escola já vinha sofrendo em função da pandemia do coronavírus e de sua transformação em Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI).
Na sessão desta terça-feira (23) da Assembleia Legislativa, o deputado Sergio Majeski (PSB) leu no plenário uma Indicação Parlamentar para que o governo do Estado encontre um espaço adequado para o funcionamento da escola, até que a reforma seja concluída, “a fim de que a qualidade de ensino não seja posta em risco, tão pouco a saúde da comunidade escolar, e que sejam atendidas as demandas do aumento do número de profissionais”, justificou.
“Faltam professores. Houve aumento da carga horária, estão todos sobrecarregados e o Estado não contratou mais. As obras causam muito transtorno, muito barulho. É uma escola de tempo integral, mas não tem quadra. Falta uma escola-espelho no município”, elencam trabalhadores da Pedro Alcântara.
Desde o anúncio da criação do tempo integral na escola, a comunidade tem se mobilizado para participar do processo, posicionando-se contrariamente, já que o município não tem outra escola de ensino médio. E sem essa chamada “escola-espelho”, os jovens que não puderem se dedicar ao ensino integral, em função de trabalharem ou terem outras demandas no contraturno da escola, ficarão impossibilitados de continuarem os estudos.
“Os profissionais concursados foram tirados de suas carteiras compulsoriamente, sem serem consultados. A gente queria um curso técnico. Nos deram um curso técnico na área rural, só que tiraram o transporte, então as crianças não podem vir estudar!”, prosseguem os educadores, numa escala da indignação com o autoritarismo com que as medidas estão sendo tomadas pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu).
Com cerca de 490 alunos, a escola se transformou em um canteiro de obras, constatou Majeski em visita ao local no último dia 12 de fevereiro. “Professores, alunos e demais funcionários estão vivendo um verdadeiro inferno naquele espaço!”, denunciou o deputado nessa segunda. “A quadra de esporte foi desativada para dar lugar a galpões pros operários da obra, um barulho ensurdecedor para professores e alunos. E é uma obra prevista para, pasmem, 900 dias!”, descreveu.
Na Indicação, Majeski destaca ainda que, além de dificultar a aprendizagem, os problemas de barulho e redução do espaço de convivência dos alunos e trabalhadores vão na contramão das normas de vigilância sanitária exigidas durante a pandemia. “Exemplo disso são os corredores estreitos entre o canteiro e o espaço improvisado para o funcionamento da escola. Foi constatada ainda a insuficiência de espaço destinado ao refeitório. São aproximadamente 200 alunos submetidos a um salão com pouca ventilação”, relata.
A criação do tempo integral, em meio às obras e às necessidades ampliadas de ventilação e higiene, agrava ainda mais a situação. “Sem quadra de esportes, sem laboratório, sem nada! Como os professores podem criar novas modalidades, exigias pelo regime integral, dentro de um espaço como esse? E pior ainda: os professores não tiveram preparação também pra essa nova modalidade. Nós vamos questionar muito isso. Esperamos que a Comissão de Educação aprove a convocação do secretário [Vitor de Angelo] para explicar porque não houve uma preparação prévia e por que não se aguardou terminar a reforma da escola para depois implantar a nova modalidade”, reivindicou o parlamentar.
O regime de sete horas também é questionado por Majeski, já que o novo ensino médio determina um regime regular de cinco horas e vinte minutos. Ou seja: o governo do Estado está chamando de integral um regime com apenas uma hora e quarenta minutos a mais de aula. “Que regime integral é esse? Isso me parece uma farsa muito grande. Para efeitos numéricos, o governo vai dizer que implantou mais 30 escolas de regime integral, mas, regime integral de sete horas! Uma hora e quarenta a mais do que é um meio turno de uma escola? E nessas condições: sem os professores receberem preparação, sem as escolas receberem novos equipamentos”, criticou.
“Nós conclamamos ao governo do Estado que construa em um terreno uma escola provisória como já foi feita em outros municípios até que a reforma acabe. Um aluno que entrar agora no primeiro ano do ensino médio, vai sair de lá sem ver a reforma pronta!”, pediu.