A universidade também se comprometeu a dar formações para os docentes e a resolver problemas de infraestrutura
A criação de um fórum de discussão, com a participação de pessoas com deficiência (PCDs), a resolução de alguns problemas emergenciais de infraestrutura e a realizações de formação com docentes são as medidas apontadas até o momento pela Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para atender à demanda de acessibilidade.
Os encaminhamentos foram feitos durante reunião realizada na última quinta-feira (15) entre a Reitoria, representantes dos Programas de Educação Tutorial (PETs/Ufes), da Diretório Central dos Estudantes (DCE); da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci); da Superintendência de Infraestrutura; do Núcleo de Acessibilidade da Ufes (Naufes); e da chefia de gabinete interina.
As formações sugeridas visam ajudar os professores a aprenderem como lidar com as especificidades dos estudantes com deficiência e as pequenas ações na infraestrutura visam tampar buracos e outras questões emergenciais. Além disso, a Universidade se comprometeu a apoiar o mapeamento que está sendo feito pelo PET Cultura para identificar as áreas do campus com problemas de acessibilidade.
Os compromissos assumidos pela universidade são reivindicações dos estudantes, mas, segundo a graduanda de Pedagogia e integrante do PET Cultura, Vitória Reis, também apresentaram outras, como mesas acessíveis no Restaurante Universitário (RU) para cadeirantes; estudar formas de cessar o barulho no RU, pois incomoda aos autistas, por exemplo; e criação de plataformas elevatórias nos prédios da universidade; que serão discutidas no fórum.
A reunião foi marcada após integrantes dos PETs realizarem um protesto nessa segunda-feira (12) em virtude de um acidente ocorrido com Vitória, cuja cadeira de rodas caiu ao tentar acessar a rampa do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), que tem má inclinação, para ir ao auditório, onde daria uma palestra. A universitária bateu com a cabeça e ficou desacordada por algum tempo. Depois de recuperar os sentidos, Vitória voltou a se dirigir ao evento “Acessibilidade e Inclusão no Contexto Universitário”, realizado pelo PET Cultura. Posteriormente, foi ao médico, fez os exames, que não apontaram nenhuma consequência decorrente do acidente.
Associação
O professor do Centro de Educação e PCD, Douglas Ferrari, acredita que, em vez de um fórum, seria melhor criar uma associação. Conforme explica, um fórum “é um agrupamento, não tem vínculo com a instituição, não tem pertença, é uma reunião de pessoas”. Já uma associação, com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), “é algo mais formalizado”. O docente defende, em uma possível associação, a inclusão de representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) e do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes), indo para além das PCDs.
Douglas recorda que já foram criados outros fóruns do tipo na Ufes, portanto, não se trata de algo novo. “Não é de agora, não estamos criando nenhuma novidade, uma coisa revolucionária”, diz. Um dos fóruns criados, rememora, foi o de Acessibilidade, que vigorou de 2003 a 2008. Depois, o de Estudantes e Egressos, que atuou de 2018 a 2020. Por último, o Grupo de Acesso, de 2015 a 2018, formado por estudantes de Direito.
Para Douglas, os compromissos assumidos pela universidade com os PETs não levam em conta a acessibilidade plena, focando muito na arquitetura, esquecendo, por exemplos, questões metodológicas e pedagógicas. Além disso, recorda, a universidade já tem um plano de acessibilidade, que precisa ser colocado em prática.
Em seus veículos de comunicação oficial, a universidade chegou a divulgar ações que, desde 2020, tem realizado com foco nas PCDs. Contudo, Douglas questiona algumas informações, como a realização de campanhas institucionais para a acessibilidade. O professor afirma que elas não têm acontecido. Ele recorda que, quando estava à frente do Naufes, aconteciam as campanhas referentes ao Setembro Verde, que celebra o mês de luta pela inclusão das PCDs, mas que elas não têm acontecido mais.