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​Ufes retoma debate sobre ensino híbrido nessa quinta-feira

Representantes de professores e alunos defendem que a volta do ensino presencial é precipitada

A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) retoma a discussão sobre o ensino híbrido esta semana. Uma reunião do Conselho Universitário, marcada para esta quinta-feira (29), vai avaliar a possibilidade de retorno de algumas atividades presenciais no próximo semestre letivo, previsto para iniciar no dia 3 de novembro.

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) se posicionou contra a possibilidade de retomada. Em um vídeo publicado nas redes sociais da instituição, a secretária-geral da entidade, Junia Zaidan, defende que o tema seja retirado da pauta do conselho.

“Não temos qualquer respaldo técnico-científico para começar a retomar as atividades nem no modelo híbrido. Não temos respaldo também em relação à infraestrutura da universidade, dos centros de ensino, nem tampouco a respeito da população acadêmica, sua situação de imunização, a porcentagem de docentes, estudantes e técnicos”, destacou.

Junia também apontou problemas relacionados à mobilidade dos diversos integrantes da comunidade acadêmica. “Estará em circulação uma população imensa que compõe a universidade. Portanto, nós continuamos reivindicando vacinação em massa e retorno presencial ou híbrido apenas quando for totalmente seguro para todos e todas”, enfatizou.

A Ufes aponta que a adoção do ensino híbrido, juntamente com as atividades administrativas, é uma possibilidade apontada nas últimas recomendações do Comitê Operativo de Emergência para o Coronavírus da Ufes (COE-Ufes).

Em um boletim divulgado no dia 8 de julho, o comitê recomendou o avanço para a fase 3 do plano de contingência da pandemia do coronavírus, que estabelece a realização de atividades presenciais em concomitância com as atividades remotas, que já acontecem desde o início do Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte).

De acordo com a Ufes, caso o retorno seja aprovado pelo conselho, ele estaria baseado nas determinações previstas no Plano de Biossegurança e no Plano de Contingência da Universidade.

Hilquias Crispim, coordenador-geral da gestão provisória do Diretório Central dos Estudantes (DCE) na Ufes, acredita que o avanço para a fase 3 ainda é precipitado. Para ele, o assunto deve ser debatido com mais profundidade, já que o Conselho Universitário ainda nem pôde avaliar se os requisitos da fase 2 foram cumpridos.

“A Administração Central ainda não apresentou um relatório das adequações estruturais necessárias para o quadro pós-pandêmico, que ainda não temos, uma vez que a maior parte dos estudantes não está vacinada nem com a primeira dose”, ressaltou.

Segundo ele, o DCE compreende que, durante o Earte, já foram realizados três ingressos de estudantes pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e que a organização para um possível retorno demanda tempo, mas o contexto ainda é de alerta.

“A Ufes concentra muitas pessoas em seus campi por muitas horas e depois dispersa a vários bairros e até mesmo outras cidades, como é o caso dos dois campi da Grande Vitória (…) Infelizmente, esse é um cenário ideal para a maior circulação da Covid-19, uma vez que os cortes têm afetado gravemente a Universidade e teremos dificuldades na garantia de ventiladores e janelas abertas, álcool, sabão e papel higiênico nos banheiros e próximo aos bebedouros”, enumera.

Fases do plano de contingência

As fases da retomada ao ensino presencial foram estabelecidas no Plano de Contingência da Ufes em Tempos de Covid-19, que prevê uma série de protocolos e procedimentos a serem adotados na universidade durante a crise sanitária e no período pós-pandemia.

No momento, a Ufes está na fase 2, que mantém o ensino remoto, permitindo o acesso controlado (barreiras sanitárias) e restrito dos estudantes, professores e técnicos-administrativos às bibliotecas da universidade.

A fase 3, que pode ser aprovada na reunião desta quinta-feira, permite que o retorno presencial dos estudantes seja escalonado juntamente com o Earte. O Plano de Contingência também estabelece que, nessa fase, as atividades presenciais sejam destinadas, prioritariamente, às disciplinas práticas e laboratoriais, e os serviços administrativos também sejam retomados de forma híbrida.

O próximo passo seria a fase 4, que encerra o Earte, partindo exclusivamente para o ensino presencial, com a manutenção de controles de risco como a desinfecção e o distanciamento social. A última etapa é a quinta, quando o ensino presencial será retomado como era praticado até o dia 17 de março de 2020, início da pandemia no Espírito Santo.

A universidade já estudava a implementação do ensino híbrido desde 2020. Em dezembro, quando o Ministério da Educação (MEC) tentou recomendar o retorno do ensino presencial para o início de 2021, a instituição informou que discutia possibilidades de oferta de ensino remoto e presencial, mas a decisão dependeria de condições de biossegurança e orçamento.

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