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Vacinômetro: D2 chegou a apenas 3,4% dos trabalhadores da Educação

Professoras do Coletivo Resistência e Luta defendem direito das famílias não exporem os filhos em aulas presenciais

Dados desta segunda-feira (19) no Painel de Vacinação do governo do Estado (Vacinômetro) mostram que a segunda dose da imunização contra a Covid-19 chegou a apenas 3,4% dos trabalhadores da Educação Básica. Até o momento, 67,5 mil receberam a primeira dose e apenas 2,3 mil a segunda.

A baixa cobertura do sistema vacinal completo entre os trabalhadores que atuam nas escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio, associada à ausência de imunização de crianças e adolescentes, contrasta com a decisão tomada pelo governo do Estado de tornar obrigatória a presença dos estudantes dentro das salas de aula a partir da próxima segunda-feira (26).


Para professoras do Coletivo Resistência e Luta, a obrigatoriedade do ensino presencial nesse momento de pandemia não controlada é um erro. Às famílias, afirmam, deve ser mantido o direito de escolha de manter os filhos no ensino remoto ou aderir ao presencial.

“Onde fica o poder de escolha da família? Vou ser penalizada como mãe por querer proteger meu filho sem levá-lo para escola?”, questiona a mestra em Educação Rosalba Coutinho, professora da rede municipal de Vitória e professora aposentada da rede estadual.

A medida, afirma, expõe toda a população, especialmente a mais carente ao risco de contaminação pelo novo coronavírus. “Com a nova cepa, que a ciência está acentuando preocupação no Brasil, é o momento de reabrir as escolas como está sendo decidido, obrigando a presença dos estudantes? Eu penso que não. A família tem todo o direito de não querer expor seu filho, principalmente com as novas variantes, que podem produzir uma nova onda”, pondera.

“A gente sabe a necessidade da educação, mas os esforços para garantir o ensino remoto foram mínimos. O Brasil e o Espírito Santo deveriam ter levado a situação a sério nesse um ano e meio, até porque vai ser necessário o ensino remoto por mais tempo ainda, a partir do ano que vem. Está sendo feita uma política educacional muito precária. E a pandemia ainda não está resolvida, não está controlada”, avalia, lembrando que os especialistas recomendam um percentual de 80% da população imunizada com a segunda dose para então obter a ruptura das cadeias de transmissão.

Para a educadora, é lamentável a forma como os gestores estaduais e municipais do país conduzem a maior crise sanitária do século. “Somos contra essa política de não ouvir. As comunidades escolares, as escolas não estão tendo voz”.

No ensino médio, destaca Rosalba, os cortes de turmas e escolas ocorridos nos últimos anos mudaram muito a dinâmica, obrigando os alunos a ficarem mais tempo no transporte coletivo para chegar até as escolas. “Antigamente havia sempre uma escola perto da casa dos alunos do ensino médio. Hoje não, a maioria mora longe da escola”.

Rosalba salienta ainda o mau comportamento da população, que se repete entre os estudantes, pelo menos em boa parte, que é de usar a máscara apenas onde é obrigatório. “Muitos alunos só colocam a máscara para entrar na escola. Então podem estar se contaminando fora da escola, estarem com o vírus ativo, mesmo sem sintomas, e transmitir para os colegas e trabalhadores”, descreve, acrescentando que os protocolos básicos de uso de máscara e distanciamento não são cumpridos a contento em todas as unidades escolares.

A situação se agrava quando sabe-se das condições estruturais das escolas. “Os governos também não investiram em reformas. Muitas não têm ventilação adequada nas salas, nos refeitórios e outros espaços. Como os governantes estão vendo isso?”, inquire.

A mestra em Educação roga por ações assertivas dos gestores, com a participação dos professores, trabalhadores, estudantes e famílias. “Um gabinete de gestão da Educação com participação popular já deveria estar funcionando, mas ainda pode ser criado”, propõe. “Como minimizar os problemas que já estão acontecendo? Não é só cumprir carga horária. A queda da aprendizagem é preocupante, e há muitas outras questões”.
Para Rosalba, a obrigatoriedade anunciada contra as famílias “é abominável”, uma medida “imediatista e propagandista, em nome de uma pseudo-normalidade”.

Posição semelhante tem Maria Aparecida Passini, também integrante do Resistência e Luta e professora das redes municipais da Capital e serrana. “Sou funcionária e sou obrigada a ir para a sala de aula. Foi erro voltar sem estarmos totalmente imunizados. E mais grave ainda é impor essa obrigação para as famílias num momento tão delicado como esse. As crianças e adolescentes são vetores do vírus e as novas cepas. É um risco muito grande”, diz.

Aparecida aponta que “seria mais fácil ter todas as crianças na escola”, do ponto de vista do ensino, pois o sistema híbrido tem sido muito desgastante para os professores, “mas a segurança e a saúde têm que vir em primeiro lugar”. O município da Serra, acrescenta, já anunciou a obrigatoriedade dos alunos em sala de aula a partir do dia dois de agosto. “Não vejo com bons olhos. Deveria permanecer a escolha das famílias. É um ano atípico ainda”.

Também falando pelo Resistência e Luta, Mônica Alves, professora da rede municipal de Vila Velha, entende que “o governo Casagrande deveria repensar essa decisão”, pois o coletivo tem recebido muitas denúncias de escolas onde o uso de máscara, o distanciamento social e outas regras de segurança não estão sendo cumpridas. “Sei também de escolas maravilhosas em relação ao cumprimento dos protocolos, mas mesmo nelas, há casos de professores contaminados e afastados”, relata.

“As pessoas relaxam porque tomaram uma dose da vacina, mas esquecem que os alunos não foram vacinados e precisam aguardar o prazo após a segunda dose, de quinze dias pelo menos, para estarem com a resposta imunológica completa”, salienta. “Vamos retornar, mas com todo mundo vacinado, os estudantes e os professores, com a segunda dose”, pede.

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