O dia que terminou em decepção começou com preocupação. Na manhã de quinta-feira (29), o candidato a prefeito de Vitória André Moreira (Psol) e cabos eleitorais se reuniram na Praça Costa Pereira, no Centro, para uma panfletagem pelo bairro. O gosto da vitória sentido na noite anterior, quando a Justiça Eleitoral garantiu a participação do advogado no debate entre os candidatos a prefeito da TV Gazeta, virou uma expectativa angustiante durante toda aquela quinta.
Sentado ao banco da praça, olhos fixos no celular, André parecia apreensivo. Compreensível. De um lado, André sabia que a Rede Gazeta já mobilizara seus advogados e experimentava a expectativa de que a qualquer momento um recurso pudesse derrubar a representação do Psol. Aqui sobrariam a candidato e militantes a indignação e a frustração.
Do outro, uma situação não menos angustiante: mesmo que a ação do partido prevalecesse e André participasse do debate, o que seria ótimo, candidato e equipe teriam que lidar com a falta de preparo ou, um preparo não executado a contento, para o debate. A expressão do candidato só se desanuviou quando ele se levantou do banco e foi ter com eleitores.
André foi acompanhado por um grupo ativo de 10 cabos eleitorais, que abordavam transeuntes e motoristas no semáforo da Costa Pereira que dá acesso às principais avenidas que cortam o Centro, distribuindo santinhos do candidato e de Camila Valadão, candidata a vereadora. O candidato fez um corpo-a-corpo na praça antes de partir para a Rua Sete de Setembro, conversar com pedestres e trabalhadores.
Até então, a cada abordagem, apenas recebia um sorriso cordial de pessoas apressadas. Mas quando abordou funcionárias à porta de uma joalheria na Sete de Setembro, André utilizou um discurso que até então não utilizava. Entregava os folhetos, finalizando: ???A Gazeta está tentando tirar a gente do debate???. A informação chamou a atenção das trabalhadoras. Uma delas reagiu, surpresa com a informação. ????? importante para as pessoas ouvirem todos os candidatos???.
A notícia sensibilizava os eleitores. ???Será que algumas das nossas propostas ofendem eles????, questionava André. Pouco depois, em frente a uma banca de revista, André apontou a manchete sobre o racionamento de água no Estado estampada na edição daquele dia de A Gazeta. ???A gente faz o revezamento, mas as empresas, não. E são elas que mais gastam???, comentou uma militante, se referindo às poluidoras Vale e Arcelor Mittal e respondendo à ???dúvida??? de André.
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Na Praça Ubaldo Ramalhete, André novamente explicou a situação a uma senhora ao lado de um carro de venda de água de coco. ???Não chamaram por quê????, perguntou a mulher, em tom de curiosidade, olhando para o candidato. ???Essa pergunta você tem que fazer para eles???, respondeu o candidato, em tom bem-humorado.
Na mesma praça, André abordou os homens que jogavam dominó. ???Não vou atrapalhar muito, não, porque sei que a coisa aqui é séria???, dizia. Recebeu o apoio de um deles. ???Você vai receber meu voto aqui no Centro. Torço para você ganhar???.
A equipe seguiu para a Rua Graciano Neves, onde parou no tradicional Bar do Gegê. André recebeu cumprimentos de uns e novamente explicou a questão do debate na TV Gazeta para outros. A breve caminhada terminou ali: André ainda tinha que se preparar para o debate do qual, como se sabe, ele seria barrado. A Rede Gazeta derrubou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a liminar obtida pelo Psol.
