Henrique Alves e Nerter Samora
A nova composição da Câmara de Vereadores de Vitória, eleita neste domingo (2), terá mudanças em relação à representatividade dos bairros. Dos 15 atuais edis, apenas seis vão retornar em 2017. Emergiram das urnas novas lideranças comunitárias de quase todas as regiões da Capital, além de nomes com perfis diferentes. A reportagem de Século Diário traçou um perfil de todos os eleitos e fez um levantamento dos votos obtidos por cada um.
Confira o perfil dos vereadores de Vitória na próxima legislatura:
Fabrício Gandini (PPS)
Com 7.611 votos, o vereador foi novamente o mais votado do Espírito Santo. Representante de Jardim Camburi, enfrentou acusações de se promover com a distribuição de edições da revista Câmara Notícias, publicação da Câmara Municipal de Vitória, em reuniões de que participava. Uma das edições festejava o projeto Fiscaliza Vitória, criação de Gandini no período em que presidiu a Casa (biênio 2013/2015).
A força em seu reduto eleitoral pode ser vista em seu mapa de votação, por zona eleitoral. Do total de votos no pleito, o vereador reeleito obteve 6.011, cerca de 10% do total de votos válidos, na 56ª Zona Eleitoral, sendo o mais votado com sobras. Ele também foi bem votado nos bairros da zona norte de Vitória, que compõem a 52ª Zona Eleitoral, onde ficou com 1.301 votos, o que lhe garantiu a nona maior votação naquela região.
Denninho (PPS)
Segundo vereador mais votado em Vitória, Denner Januário, ou Denninho, é liderança comunitária da Grande Goiabeiras. Já presidiu a Associação de Moradores de Goiabeiras (AMG). Desbancou na região o atual vereador e principal opositor do prefeito Luciano Rezende (PPS), Reinaldo Bolão (PT), que não se conseguiu se reeleger. Dos 6.167 votos obtidos por ele, 5.605 votos foram registrados na 56ª Zona Eleitoral, que abrange o seu reduto.
Davi Esmael (PSB)
O principal nome da bancada evangélica da Câmara de Vitória se reelegeu com tranquilidade, sendo o terceiro colocado no pleito (5.165 votos). O mapa de votação revela o perfil de candidato “escoteiro”, conseguindo boa votação nas três zonas da cidade. Davi foi o quinto colocado na 1ª Zona Eleitoral, onde obteve 1.596 votos; o quarto na 52ª Zona Eleitoral, 1.752 votos; e o terceiro na 56ª, somando mais 1.817 votos.
A votação bem distribuída reflete a força de seu eleitorado religioso, além da influência de sua família – com o pai, o suplente de deputado, Esmael Almeida (PMDB), também ex-vereador, que irá retornar à Assembleia Legislativa com a eleição do deputado Edson Magalhães (PMDB) para a Prefeitura de Guarapari.
Vinicius Simões (PPS)
A derrota na eleição da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), em agosto do ano passado, não se converteu em derrota nas urnas para o professor e atual vereador Vinicius Simões (PPS). Vinicius é um dos defensores mais leais da gestão Luciano Rezende (PPS) na Câmara.
Ele segue prestigiado em seu reduto eleitoral, que respondeu pela maior parte dos seus 4.403 votos – 2.454 votos na 1º Zona Eleitoral, que abrange o Centro. Chama atenção o avanço do vereador nas demais regiões da cidade, onde obteve quase mil votos nas outras duas regiões (970 na 52º Zona Eleitoral e 196 na 56º Zona Eleitoral)
Neuzinha (PSDB)
A representante do bairro Consolação vai para o quinto mandato consecutivo na Câmara de Vitória. Cerca de 70% dos votos da tucana veio da 52ª Zona Eleitoral, que abrange seu reduto eleitoral. Apenas nessa região, a vereadora reeleita teve 2.585 dos 3.652 votos totais, sendo a segunda mais votada no conjunto de bairros.
Leonil Dias (PPS)
Representante do bairro Santa Martha, Leonil Dias é liderança reconhecida no bairro. Não é, no entanto, um estranho na administração pública: conhece bem a Secretaria de Trânsito, Transportes e Infraestrutura Urbana (Setran), calo do prefeito Luciano Rezende (PPS). Leonil foi um dos oito secretários da pasta. Foi também subsecretário de Trânsito.
Quando secretário em exercício, em substituição ao então titular, Josivaldo de Andrade, comandou a cerimônia de entrega de placas dos permissionários contemplados pela licitação de táxi de Vitória, realizada em março. A licitação é um dos episódios mais controversos da gestão Luciano Rezende. Leonil obteve 3.577 votos, sendo o mais votado na 52ª Zona Eleitoral com 2,6 mil sufrágios.
Nathan Medeiros (PSB)
O enfermeiro é oriundo da região de Nova Palestina e mais um representante das demandas da região de São Pedro, junto com Wanderson Marinho (PSC). Foi o candidato mais votado na 1º Zona Eleitoral com 2.831 votos, quase 5% do total de votos válidos. Ao todo, o socialista obteve 3.316 votos em sua primeira eleição.
Mazinho (PSD)
Advogado, morador da Praia do Canto e jovem liderança empresarial capixaba com atuação na Federação das Indústrias Capixaba (Findes). Vem ocupar o vácuo deixado na Câmara com a saída do também empresário, Serjão Magalhães (PTB), que nem tentou a reeleição. É sobrinho do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD), tutor de sua candidatura. Debutou nas urnas este ano, obtendo 3.090 votos, sendo 1.753 na 52ª Zona Eleitoral e mais 1.029 na região da 56ª Zona Eleitoral.
Dalto Neves (PTB)
Sai Rogerinho Pinheiro (PHS) e entra o vereador eleito do PTB. Os taxistas de Vitória não ficaram sem representantes. O vereador de Itararé não conseguiu se reeleger, mas a classe ganhou o taxista, permissionário de Vitória e liderança comunitária no bairro Bela Vista, na região de Santo Antônio. Foi o segundo mais bem votado da 1ª Zona Eleitoral com
Adalto Bastos das Neves é permissionário da placa 464, um táxi acessível. É para se aguardar qual será o comportamento do agora vereador diante do tsunami de denúncias de fraudes e irregularidades que atingiram o serviço de táxi de Vitória em 2016. As denúncias alimentaram a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela própria Câmara de Vitória.
Foi o segundo candidato mais votado da 1º Zona Eleitoral com 2.830 votos, um a menos do que Nathan. Ao todo, o petebista obteve 3.083 votos na segunda experiência eleitoral. Em 2008, ele registrou sua candidatura a vereador em Cariacica, mas acabou renunciando à disputa.
Max da Mata (PDT)
O vereador se reelegeu mesmo com o peso da licitação de táxi de Vitória nas costas. Foi na gestão Max da Mata à frente da Secretaria de Trânsito, Transportes e Infraestrutura Urbana (Setran) que a licitação de táxi de Vitória foi elaborada. Cercado de suspeições, o certame está sob investigação no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Em agosto, em votação unânime, o plenário TCE decidiu afastar a responsabilidade do prefeito Luciano Rezende (PPS) de supostas irregularidades cometidas na licitação que distribuiu 108 novas placas de táxi e notificou Max da Mata. Antes visto como um representante da área nobre da Capital, o vereador teve que se tornar um candidato escoteiro para se reeleger. Tanto que ele apareceu entre os dez mais votados em todas as zonas eleitorais, obtendo 2.339 votos – sendo o décimo colocado entre os 15 eleitos.
Wanderson Marinho (PSC)
Representante da região de São Pedro, Marinho é um dos seis que conseguiram a reeleição. Iniciou o atual mandato na base do prefeito Luciano Rezende (PPS), com o qual, contudo, rompeu este ano. Fica a expectativa de qual será o comportamento do vereador na próxima legislatura em caso de reeleição do prefeito. Ele obteve 2.208 votos ao todo, sendo que 1.668 votos foram obtidos na região da 1ª Zona Eleitoral – que abrange os bairros da Grande São Pedro.
Sandro Parrini (PDT)
O advogado foi vereador de Vitória por três meses em 2014, quando substituiu Devanir Ferreira (PRB), então licenciado para disputar uma vaga de deputado federal. Parrini foi subsecretário de Esportes, na gestão João Coser (PT). Trabalhou na Procuradoria Geral do Estado e na Procuradoria Geral da Câmara de Vitória. É também ex-jogador do Rio Branco. O pedetista foi o segundo em sua coligação com 2.024 votos. Deste total, 1.390 saíram da 52ª Zona Eleitoral.
Luiz Paulo Amorim (PV)
Liderança em Itararé, o aposentado de 62 anos conquista o segundo mandato na Câmara de Vitória. Alcançou o primeiro mandato nas eleições de 2000. Criou leis importantes: uma foi, posteriormente, transformada no projeto “Fala Vitória 156” e a outra criou a linha de ônibus 031A, operada por micro-ônibus e que atende a regiões de baixa renda, ligando, o morro de São Benedito ao Morro do Pinto. Em 2005, foi subsecretário de Geração de Emprego e Renda, na gestão João Coser (PT). Ele obteve 1.696 votos, sendo que 1.169 – próximo a 70% de sua votação – saíram de urnas de sua região.
Roberto Martins (PTB)
Professor de ensino médio da tradicional escola Leonardo Da Vinci. Em 2015, Martins coordenou no âmbito da própria instituição o projeto “Eleitor do Futuro”, que, por exemplo, rendeu visitas de alunos à Assembleia Legislativa, onde foram recebidos por deputados.
Fica a interrogação: será uma espécie de Sérgio Majeski (PSDB) na Câmara de Vitória? Majeski é também professor de ensino médio e oriundo de outra tradicional instituição de ensino de Vitória, o Colégio Darwin.
Por conta deste perfil, Martins teve um eleitorado mais próximo da classe AB, reflexo disso foi sua boa votação na 52ª Zona Eleitoral (816 votos) e 56ª Zona Eleitoral (668). Ao todo, o petebista recebeu 1.547 votos, ficando apenas com a 14º maior votação entre os eleitos.
Clebinho (PP)
Liderança comunitária do bairro Andorinhas, vizinho a Santa Martha de Leonil e na mesma região administrativa de Maruípe. Cléber Felix encerrou mandato à frente da presidência da associação de moradores de Andorinhas em julho. Clebinho será o vereador eleito com menor votação (1.524 votos). Outros 18 candidatos tiveram mais votos, mas acabaram de fora por conta do sistema de eleição proporcional. Mas isso está longe de ser um problema para o candidato que registrou 1.354 votos, isto é, 88% do total de votos, nas urnas da 52ª Zona Eleitoral, que abrange seu reduto político.