Um elemento estranho à cidade de Vila Velha vem trazendo movimentação ao pleito no maior colégio eleitoral do Estado. O presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM) vem para o tudo ou nada no intuito de conseguir fortalecer seu capital político. O interesse do deputado está na cadeira que hoje é ocupada pelo candidato a prefeito Max Filho (PSDB), na Câmara dos Deputados.
Isso porque a suplente do tucano é a mulher de Ferraço, a ex-prefeita de Itapemirim, no sul do Estado, Norma Ayub (DEM). A demista disputou a eleição municipal, mas foi derrotada nas urnas pelo atual prefeito do município, Luciano Paiva (Pros). A derrota foi computada na conta de Ferraço, já que Itapemirim é um dos pontos de influência do deputado no sul do Estado, ao lado de Marataízes, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma.
Para tentar garantir a vaga na Câmara para o grupo de Ferraço, haveria uma investida do presidente da Assembleia no município para tentar fortalecer a campanha de Max Filho na cidade. Caso o tucano vença o segundo turno da disputa contra o ex-prefeito Neucimar Fraga (PSD), o grupo de Ferraço fica também contemplado.
O atual prefeito Rodney Miranda é do mesmo partido de Ferraço e declarou neutralidade no segundo turno, mas liberou a militância para se posicionar na cidade. É aí que entra Ferraço, canalizando esses apoios para o palanque tucano e impedindo que Neucimar se aproxime desses territórios.
Além da derrota em Itapemirim, Ferraço também paga a conta por derrotas em outras bases eleitorais, como em Cachoeiro de Itapemirim, onde era esperado para a eleição municipal, mas preferiu apoiar seu ex-vice-prefeito, Jathir Moreira (SD), que perdeu a disputa para Rodrigo Coelho (PSB). Em Marataízes, a vitória de Tininho (PRP) sobre Toninho Bitencourt (PSDB) também não foi favorável a Ferraço, assim como a vitoria de Professor Ricardo (PDT) sobre Samuel Zuqui (PMDB), em Piúma também não agradou o deputado.
Em vias de disputar a uma nova eleição para a presidência da Assembleia, buscando a quarta recondução para o cargo, Ferraço precisa aumentar seu capital para discutir essa movimentação com o governador Paulo Hartung (PMDB) em um patamar mais elevado.
A Assembleia Legislativa aprovou o retorno da reeleição na mesma Legislatura, que abre a brecha para que Ferraço possa disputar novamente. Isso não significa, porém, que sua candidatura terá o aval palaciano. A possibilidade de o deputado licenciado, Rodrigo Coelho (PDT), que ocupa a Secretaria de Assistência Social do Estado, retornar à Casa, foi lida nos bastidores do Legislativo como um recado do governo do Estado.
Coelho é aliado de Hartung e teria o interesse do peemedebista em eleger o pedetista como presidente da Casa. Com o governador sinalizando a possibilidade de disputar o Senado em 2018, estaria em risco a cadeira do filho do demista, Ricardo Ferraço (PSDB), daí o risco de ter o parlamento estadual nas mãos do decano do Legislativo.