A alta renovação da Câmara de Vitória – apenas seis dos 15 vereadores conseguiram se reeleger – trouxe algumas reflexões para a classe política sobre o relacionamento com o prefeito Luciano Rezende (PPS). O prefeito tinha maioria no legislativo municipal, mas isso não evitou alguns problemas no percurso do mandato.
Alguns vereadores faziam críticas pontuais ou em alguns momentos se desalinharam da gestão. Outros, mesmo sendo aliados, não conseguiram se reeleger. Para os descontentes, o esforço da máquina trabalhou apenas para um grupo de vereadores mais próximos do prefeito.
Um dos vereadores prejudicados com a escolha seleta do prefeito foi o presidente da Câmara da Capital, Namy Chequer (PCdoB), que na primeira parte do mandato foi o líder do governo na Casa e na segunda passou a presidí-la. O vereador acabou em uma coligação que não o ajudou a garantir assento para 2017. Outro que também não se beneficiou da parceria foi o vice-prefeito Vaguinho Ito, que veio para o palanque de Luciano em 2012, em uma aliança com o PR, partido fundamental na eleição de Rezende na disputa anterior contra o tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas.
O vice trocou o PR pelo PPS e apesar de estar caminhando com o prefeito na disputa, a máquina não o favoreceu. Diferentemente do vereador Fabrício Gandini. Aliado de longa data de Luciano, o vereador foi o recordista de votos leição, repetindo a disputa de 2012.
Na lista dos que ficaram pelo caminho também está Luiz Emanuel, que começou o mandato na oposição, eleito pelo PSDB. Mas aderiu ao bloco governista e se filiou ao partido do prefeito. Foi secretário de Meio Ambiente da atual gestão. Teve uma campanha de visibilidade, mas isso não lhe rendeu a reeleição na forte chapa do PPS. Pelo menos garantiu a primeira suplência e deve retornar ao Executivo, caso Luciano se reeleja.
No caminho inverso está Max da Mata (PDT), que foi secretário na primeira parte do governo, e voltou para a Câmara com o perfil de oposição. Passando ao largo da gestão, conseguiu a reeleição com dificuldade.
O vereador Rogerinho Pinheiro (PHS) foi líder do governo na primeira parte do mandato, mas também não recebeu da máquina a ajuda necessária para o segundo mandato. Devanir Ferreira (PRB), que disputou a eleição de deputado federal em 2014 e ficou com uma suplência, não conseguiu se reeleger para a Câmara de Vitória, na chapa em que também disputou Namy Chequer.
Se os aliados não conseguiram atrair o apoio da gestão, os adversários sentiram o peso da máquina. ?? o caso do vereador Reinaldo Bolão (PT), que revê seu reduto eleitoral, a Grande Goiabeiras, ocupada por um candidato ligado ao prefeito, como Deninho (PPS) – o segundo candidato mais bem mais votado na Capital.
Por essas movimentações, a reflexão da classe política é de que os esforços do prefeito seriam no sentido de neutralizar seus adversários não só na campanha, mas também em um eventual segundo mandato.