Segundo ela, a reação dos serventuários à divulgação da carta foi de revolta. Adda Machado disse que o documento da entidade de togados foi alvo de discussão nos grupos de Whatsapp (aplicativo de mensagens instantâneas), que, coincidentemente, foi o mesmo “canal” utilizado para veiculação da mensagem da associação.
“A Amages, em nenhum momento, veio a público para recomendar os juízes para fazer o registro dos servidores que estão trabalhando além da carga horária. Não fez nenhuma menção ao sacrifício dos servidores, que ficaram na 4ª posição do ranking de produtividade feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto os juízes foram apenas nono colocados em dez tribunais de médio porte. O bom desempenho dos servidores que ajudou o TJES a subir para 7ª colocação. Quem faz a justiça acontecer, merece respeito”, afirmou.
As críticas fazem alusão ao pedido feito pela Amages na carta para que os juízes impeçam a panfletagem e qualquer manifestação nos fóruns, além de denunciar ao tribunal os “servidores faltosos” para que sejam tomadas “medidas cabíveis nos âmbitos administrativo e judicial”. A sindicalista classifica a atitude da entidade de togados como um “assédio muito forte à categoria”. Adda Machado avalia que a manifestação da associação só deve contribuir para aumentar a insatisfação dos trabalhadores.
Sobre o pedido de compreensão da Amages aos servidores, em decorrência da crise orçamentária do TJES, a presidente do Sindijudiciário relembrou a falta de isonomia entre juízes e trabalhadores. “Se o Poder Judiciário tem duas categorias e apenas um orçamento, ele deve olhar por todos. Contudo, o tribunal só olhou para uma categoria [togados], que tiveram um aumento de 14,98% este ano e vão ter 16% de reajuste no início de 2016. Enquanto isso, os servidores não tiveram nem a revisão deste ano. Isso é uma desigualdade muita grande”, queixou-se.
Em relação à denúncia de que o plantão mínimo de 30% dos servidores não estaria sendo cumprido, Adda Machado reafirmou o compromisso da categoria no atendimento a todas as exigências previstas na Lei de Greve, que culminou na decisão da desembargadora Elisabeth Lordes, reconhecendo a legalidade do movimento paredista – deflagrado no último dia 06. A sindicalista afirmou que procurou, inclusive, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB/ES), Homero Junger Mafra, para afirmar que o problema no atendimento aos jurisdicionais é recorrente.
“Se você tem dois servidores em um cartório e um delas entra em greve, você tem ainda 50% do atendimento mantido. Na verdade, o que não temos são servidores para trabalhar. O tribunal tem um déficit de funcionários. Defendemos a realização de concurso público até para evitar que o atendimento nos balcões [das varas] seja feito por estagiários, que motivou uma representação da própria OAB/ES contra o tribunal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, relembrou.
Questionada sobre a possibilidade de retirada de benefícios de juízes, Adda Machado defendeu que não existe a alegação de irredutibilidade de salários, como foi apregoado pela Amages na carta à magistratura. “Benefício não é salário. Mas quero deixar claro que não queremos o que eles têm, apenas o que é nosso por direito, como a reposição salarial e a correção no valor dos auxílios”, pontuou. A sindicalista informou que, até o momento, o tribunal ainda não responder à contraproposta feita pela categoria.
Na próxima quarta-feira (28), os servidores realizam uma assembleia geral extraordinária, no auditório da Corregedoria de Justiça, para definir os próximos passos do movimento. Sem acordo, a greve segue por tempo indeterminado.