Kelly Andrade assumiu presidência do CAAES denunciando Ben-Hur Farina
A última eleição para a diretoria da seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), realizada em novembro passado, teve um desfechado agitado, com trocas de ofensas entre candidatos. No caso da Caixa de Assistência dos Advogados (CAAES), braço social da OAB, a transição de poder seguiu padrão parecido de polêmicas.
Em meio ao período de festividades de fim de ano, a equipe da nova presidente da entidade, Kelly Andrade, disparou comunicado à imprensa acusando o presidente anterior, Ben-Hur Farina, de diversas irregularidades na gestão. Isso incluiria contratos desproporcionais, questões relacionadas aos planos de saúde e suspeitas de funcionários fantasma e dívidas acumuladas, abrindo um rombo de mais de R$ 500 mil em pendências para os próximos três anos.
O dinheiro das anuidades de 2025 já estaria sendo usado para pagar as contas de 2024, o que é vedado pelo Conselho Federal da OAB, segundo Kelly Andrade. Além disso, o primeiro ato da nova gestão, anunciado nessa quinta-feira (2), foi a criação de um mutirão de saúde mental de 90 dias. A medida visaria eliminar uma suposta fila de 700 advogados que aguardam atendimento psicológico pela instituição.
“A transparência será fundamental em nossa gestão. Precisamos comunicar à classe o cenário preocupante que encontramos. A dívida, superior a meio milhão de reais, é resultado de uma administração que não respeitou os recursos da advocacia”, destacou Kelly Andrade.
Ben-Hur Farina não deixou barato. Em uma postagem nas redes sociais, classificou como “mentirosa” a afirmação da nova gestão, explicando que, durante a transição, ainda só havia os balancetes até novembro, mas que a diretoria encerraria o mandato com saldo positivo de R$ 100 mil. Não haveria dívidas, como aponta o antigo presidente, mas sim “compromissos regulares de contratos em andamento, em decorrência das atividades normais da CAAES junto à advocacia”.
Farina afirmou, ainda, que as contas da gestão já foram submetidas ao sistema de fiscalização da OAB e devidamente aprovadas, e que tomou as medidas cabíveis para apurar quaisquer dúvidas e apresentar dados transparentes.
“Qualquer projeção antecipada é mero casuísmo. É tentativa de criação de factoide sobre algo que não existe. Uma falácia, um ataque apelativo que, a bem da verdade, surge como uma possível justificativa para o não cumprimento das diversas promessas eleitoreiras feitas pela candidata eleita. Isso não será tolerado pela nossa classe”, disparou Ben-Hur.
“Lançando inverdades à imprensa, a candidata eleita parece ter apenas um objetivo: reduzir os benefícios e a revolução nos serviços que a atual gestão da CAAES trouxe inegavelmente para a advocacia. A equipe de psicólogos e nutricionistas, citada pela candidata eleita nos ataques, foi triplicada nos últimos três anos. Esse é o dado concreto”, completou a postagem.
Oposição venceu
Kelly Andrade chegou ao comando do CAAES com a vitória eleitoral de Erica Neves, nova presidente da OAB no Espírito Santo. Ela ficou com 53,08% dos votos, contra 32,59% de José Carlos Rizk Filho, então ocupante do cargo, e dos 14,3% de Ben-Hur Farina.
A nova diretoria da OAB é composta também pelo vice, Carlos Augusto Motta Leal; o secretário-geral, Eduardo Santos Sarlo; a secretária-geral adjunta, Camila Brunhara Biazati Helal; e o tesoureiro, José Antônio Neffa Junior.
O CAAES tem na nova diretoria, além de Kelly, o vice-presidente, Julio César Nonato Viana; o 1º Secretário, Pedro Henrique Martins Pires; a 2ª Secretária, Juliane Borlini Coutinho, e o tesoureiro, William Paterlini Filho.
A vitória de Erica Neves à OAB consolidou o avanço da oposição e o desgaste da atual gestão, invertendo o cenário da eleição passada, quando Rizk derrotou a advogada. A eleição chegou a ter um quarto candidato, José Carlos Neffa Junior, que se uniu a Erica na reta final do pleito, estratégia que logrou êxito. Ele aderiu ao projeto como candidato a tesoureiro e sua então vice, Elisa Galante, como conselheira federal.
Polêmica sobre gravação
Terminaram frustradas as investidas das duas chapas concorrentes no caso da gravação atribuída à advogada de uma conversa com um representante da empresa Codonal Serviços e Administração Ldta, que tem contrato com a OAB.
O caso veio à tona, primeiro, pela chapa de Rizk, que divulgou um vídeo editado com alguns trechos da reunião, amplamente propagado entre a categoria e nas redes sociais. O mesmo grupo contratou um laudo pericial para atestar a voz como sendo de Erica e apontar ausência de “edições fraudulentas, bem como de evidências da utilização de inteligência artificial”.
Depois, foi Ben-Hur quem explorou a gravação, ao protocolar notícia-crime na Polícia Federal (PF) para investigação a Erica por mais de oito crimes, e pedir a cassação do registro da candidatura à Presidência da Chapa 10 à Comissão Eleitoral da OAB.
Erica reagiu às acusações sempre com negativas e apontando “fake news”, “discurso de ódio” e “baixaria”. Ela processou Rizk na Justiça.