sábado, novembro 23, 2024
22.1 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

​Assassino confesso de Gerson Camata é condenado a 28 anos de prisão

Ex-governador foi assassinado com um tiro disparado pelo ex-assessor Marcos Venicio 

Marcos Venicio Moreira Andrade, assassino do ex-governador Gerson Camata, crime ocorrido em 2018, foi condenado a 28 anos de prisão, em regime fechado, pelo Júri Popular encerrado nesta quarta-feira (4), depois de dois dias de debates entre acusação e defesa. Ele também terá que pagar à família da vítima R$ 200 mil de indenização, a título de danos morais.

O advogado Homero Mafra, responsável pela defesa, não focou sua tese na absolvição do réu, por se tratar de um crime confesso, mas enfatizou que não se tratou de crime premeditado. Por sua vez, o promotor Rodrigo Monteiro, ajudado na acusação pelo advogado Renan Salles, procurou mostrar que não se tratou de um homicídio simples, que possibilitaria a progressão da pena mais rapidamente. Argumentou que o réu cometeu homicídio consumado e duplamente qualificado, tese aceita pelo júri.

Pouco depois das 15 horas, o corpo de jurados se reuniu a portas fechadas para tomar a decisão, anunciada às 16h20. Marcos Venicio foi enquadrado, ainda, no crime de porte ilegal de arma.

O julgamento começou nessa terça-feira no Fórum Criminal José Mathias de Almeida Netto, presidido pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches. Após o sorteio doas nomes para compor o colegiado, dois jurados foram recusados pela defesa, tendo o júri sido formado, ao final, por sete mulheres.

A sentença do magistrado apontou que a conduta do réu “se torna mais grave, quando se verifica que o crime foi praticado com frieza e que era amigo íntimo da vítima, na verdade, pessoa de estrita confiança e considerado integrante da família, e, pior ainda, quando há informação de que já tinha ameaçado matar a vítima anteriormente, concretizando, ao depois, o mal injusto e futuro vaticinado, o que evidencia a extrema intensidade do dolo e a indiferença com a vida alheia com que agiu”.

O juiz também destacou que houve planejamento e premeditação, “tendo o réu ido ao encontro da vítima, já de posse da arma de fogo, com a prévia e deliberada intenção de cometer a infração, não se tratando, portanto, de uma decisão irrefletida, merecendo, certamente, maior censura, tanto mais quando se verifica que o acusado efetuou disparo de arma de fogo em via pública desta cidade, em plena luz do dia, nas proximidades de estabelecimentos empresariais e mesmo na presença de outras pessoas”.

O ex-governador e ex-senador Gerson Camata foi assassinado no dia 26 de dezembro de 2018, na Praia do Canto, Vitória, aos 77 anos. O crime aconteceu na rua Joaquim Lírio, em frente a uma banca de jornais. A Polícia Civil prendeu o ex-assessor de Camata logo depois, que estava próximo ao local e confessou o crime.

Informações iniciais apontavam que ele tinha sido alvejado no pescoço por uma pessoa numa moto, em crime com característica de execução. Relatos de testemunhas afirmaram que o homem se aproximou de Camata e teria perguntado sobre uma dívida. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas ele já estava morto quando a equipe chegou ao local. A bala atingiu o ombro esquerdo, perfurou várias partes do corpo, e saiu no ombro direito.


Minutos depois a polícia localizou o ex-assessor, que trabalhou com Camata durante 19 anos. O ex-governador tinha contra ele um litígio judicial, que resultou no bloqueio de R$ 60 mil, motivo pelo qual Marcos o abordou.
Em 2009, Marcos denunciou Camata ao jornal O Globo por suposto recebimento de caixa-dois de empreiteiras, como a Odebrecht, e por se apropriar de salários de funcionários nos períodos em que foi senador. Foi, por isso, alvo de uma ação do ex-governador, o acusando de calúnia e difamação.
Gerson Camata foi o primeiro governador eleito pelo voto depois da ditadura militar, no período de transição para a reabertura democrática. Era casado com a ex-deputada constituinte e também ex-senadora Rita Camata, candidata a vice-presidente na chapa do tucano José Serra em 2002.
Economista e jornalista por formação, Camata foi governador do Espírito Santo entre 1982 e 1986. Exerceu três mandatos no Senado, entre 1987 a 2011, e cumpriu dois mandatos consecutivos na Câmara (entre 1975 e 1979 e entre 1979 e 1983). Também foi vereador de Vitória (1967-1971) e deputado estadual (1971-1975).

Mais Lidas