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Atos terroristas não se formaram ‘do dia para a noite’, aponta advogada

Elisângela Melo diz confiar muito pouco nas instituições, “sempre tão comprometidas em evitar enfrentamentos”

Arquivo pessoal

“O movimento terrorista organizado não se formou do dia para a noite, mas ao longo dos anos e por pessoas de nosso convívio diário”, diz a advogada e defensora dos direitos humanos Elisângela Melo, ao analisar os atos de terrorismo registrados em Brasília, no último domingo (8). Grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram prédios públicos sedes dos três poderes da República e destruíram patrimônio público, pedindo um golpe de estado e intervenção militar.

A advogada afirma, ao conversar com Século Diário, que “há muitas manifestações pelo retorno da ditadura ou golpe militar, sem qualquer resposta das instituições públicas, sob o falso argumento de que se trataria de liberdade de expressão”. No entanto, ela ressalta: “Não existe liberdade de expressão que proponha violação de direitos ou instigação à prática de crimes, como da quebra do estado democrático de direito”.

Elisângela confessa: “Confio muito pouco nas instituições, sempre tão comprometidas em evitar enfrentamentos, mas, na forma de governo que temos ao menos por enquanto, somente através de instituições sérias e comprometidas com a transformação social e redução de privilégios é que poderemos erradicar o terrorismo do nosso meio”.

A advogada entende que o “combate não é somente a esse grupo de pessoas específicas, mas também a elas, evidentemente. Mas é preciso combater o que sustenta essa ideologia. É preciso combater os privilégios de classe, de raça e de gênero com responsabilidade, porque a tolerância às violações a direitos humanos têm sido a regra no país desde sempre”.

“A história do Brasil continua sendo contada de forma titubeante. Até mesmo a escravidão que durou mais de 300 anos no Brasil muitas vezes é retratada de forma romantizada e não há política pública de reconhecimento do erro praticado e das políticas racistas instituídas no pós abolição até os dias de hoje”.

Elisângela aponta que “faz tempo que o rei está nu, todos nós vimos, mas fingimos normalidade. A omissão é generalizada, tanto da esquerda quanto da direita e é preciso agir com seriedade diante de determinadas falas e atos. É preciso não minimizar as atitudes. Quando Bolsonaro homenageou Ustra no voto pelo impeachment da Dilma, a reação das instituições deveria ser imediata”.

Lembra que ocorreu no Espírito Santo, há tempo, outdoor em favor de intervenção militar. Houve uma representação no Ministério Público Federal, na época, que se omitiu, sob novamente o manto da liberdade de expressão.

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