Um dos candidatos considerados bem cotados na disputa à presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/ES), o engenheiro agrônomo Jorge Luiz e Silva anunciou, na manhã deste sábado (16), que requereu a impugnação de quatro urnas por suspeita de fraudes (duas em Vitória e as outras em Linhares) e que irá solicitar, também, a anulação do pleito. A impugnação foi deferida parcialmente pela Comissão Eleitoral Regional, restringindo-se tão somente aos votos para presidente do Crea.
Segundo Jorge, a votação e a apuração das 31 urnas instaladas em 19 municípios foram marcadas “por tramóias” já denunciadas por ele à Comissão Eleitoral.
Aparentemente, a apuração foi suspensa neste sábado e deve ser reiniciada dentro de dois dias. Essa informação, porém, ainda não foi confirmada pelo presidente da Comissão Eleitoral, João Bosco Anício.
Jorge também informou que irá pedir à Polícia Federal no Espírito Santo para investigar o processo eleitoral conduzido pelo presidente do Crea/ES, Helder Carnielli, acusado anteriormente de abuso de poder para beneficiar seu candidato, Geraldo Ferregueti, cuja candidatura, inclusive, chegou a ser impugnada pelo Conselho Eleitoral Federal.
Isso o levou a recorrer à Justiça Federal em Brasília, conseguindo uma liminar parcial para continuar participando das eleições, enquanto o mérito da ação não é julgado. Portanto, uma candidatura sub judice, passível de ser confirmada ou não pela Justiça Federal.
As suspeitas de fraudes apontadas por Jorge têm a ver com um número de votos maior que o de eleitores inscritos para votar, nas quatro urnas impugnadas por ele. “Bagunçaram a eleição na tentativa de desmoralizar o Crea. Não podemos admitir isso”, disse o candidato de oposição a Carnielli e Ferregueti.
Também será evidência de uma estratégia para distorcer o resultado das eleições, o fato de profissionais do Crea-ES terem sido impedidos de votar, sob o pretexto de que se encontravam em seções eleitorais erradas. Aconteceu principalmente em cidades do interior do Estado, segundo Jorge.
Dois outros candidatos a presidente, Fred Rosalém e Marcos Motta, lamentaram “o tumulto que foi o processo eleitoral”. Rosalém, que permaneceu nas seções eleitorais de Vila Velha acompanhando a votação, disse não ter constatado qualquer irregularidade durante a votação e apuração das urnas. “Para anular a eleição, é preciso uma base jurídica concreta, com investigações que devem ser feitas pela Comissão Eleitoral Regional. Vamos aguardar”, afirmou.
Já Motta, confirmando denúncia de Jorge, ressaltou que também foi prejudicado na votação. “Um número significativo de eleitores meus, que tinham sido orientados pelo Crea a comparecer nesta ou naquela seção eleitoral, chegando lá foram impedidos de exercer seu direito ao voto. O motivo alegado é que estavam no local errado”, ressaltou Mota.
Marcos não descarta a possibilidade de anulação da eleição, pois fato semelhante já ocorreu em outros estados. De qualquer modo, em sua opinião, “cabe antes uma análise dos fatos pela Comissão Eleitoral, para que medida tão drástica não seja tomada”. O engenheiro civil disse não ter ainda opinião sobre a decisão de Jorge de requerer a invalidação do pleito, mas pretende se reunir com ele ainda neste sábado para discutir o assunto. “Eu também fui prejudicado”, reforçou.