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Candidatos recorrem a conselho federal para anular eleição no Crea-ES

Embora a engenheira civil Lúcia Vilarinho tenha sido proclamada nessa sábado (16) a presidente eleita do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) –, a disputa se converteu numa confusão que ameaça deslegitimar o resultado. Até agora, sequer foram divulgados os números oficiais da votação e pelo menos três pedidos de anulação do pleito foram apresentados à Comissão Eleitoral Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
 
Acusações de fraudes em urnas, uso da máquina administrativa e manipulação de listas de votação com o objetivo de prejudicar candidatos competitivos que ameaçavam o suposto favoritismo do engenheiro Geraldo Ferregueti, candidato do presidente do Crea-ES, Helder Carnielli, pipocaram logo após o encerramento da votação, o que motivou os pedidos.
 
Nesta segunda (18), dois dias depois do encerramento da votação (que se deu sexta-feira, às 21h), o presidente da Comissão Eleitoral Regional, João Bosco Anício, afirmou que não lhe cabe homologar e divulgar o resultado das eleições, e sim ao Conselho Eleitoral Federal.
 
“Já abastecemos a base de dados do Conselho com todas as informações sobre a votação e a previsão é de que ele anuncie sua posição no próximo dia 20 [quarta-feira]”, observou. João Bosco se recusou a comentar a decisão dos candidatos que se manifestaram a favor da anulação das eleições. “Isso está na esfera do Conselho Federal”. 
 
Os engenheiros Jorge Luiz e Silva, Fred Rosalém e Marcos Motta alegaram, ao defender a anulação, terem sido prejudicados pelas alterações realizadas por Carnielli, sem aviso prévio, das listas de votação em várias seções eleitorais, impedindo eleitores de exercerem seu direito ao voto. 
 
Jorge estimou que mais de 600 associados do Crea-ES, tanto na Grande Vitória como no interior do Estado, compareceram às seções onde rotineiramente votavam e foram surpreendidos com a informação de que não constavam  das listas. 
 
“Para quem  ia votar em Vila Velha e foi orientado a buscar uma seção eleitoral em Vitória, o problema não foi tão complicado, pois são cidades vizinhas. O problema se tornou dramático para os que votavam, por exemplo, em Guarapari e, de repente, foram avisados que tinham de ir a Venda Nova do Imigrante. Isso, sim, é uma grande irresponsabilidade”, afirmou Jorge. Ele suspeita que essas alterações inesperadas foram parte de uma estratégia para esvaziar candidatos com grande potencial de votos em determinadas regiões. 
 
O mesmo argumento foi usado por Fred Rosalém e Marcos Motta, quando solicitaram a anulação à Comissão Eleitoral Federal.  Lacônico, Fred disse que prefere aguardar pacientemente a decisão da Comissão. No entanto, Marcos, indignado com o que aconteceu ao longo da votação e apuração, espera que a Comissão “analise com lisura as evidências de que essa eleição está crivada de irregularidades e ilegalidades”. 
 
Ele considerou “lamentável que o Crea do Estado, entidade que reúne profissionais inteligentes e abertos aos avanços tecnológicos, ainda adote uma sistema de votação arcaico, baseado em listas, em vez de uma votação eletrônica, que com certeza aumentaria o percentual de participação dos associados nas eleições”. 
 
E acrescentou: “Estou muito triste. Fui conselheiro federal, defendi e consegui a aprovação de propostas modernizadoras da atividade profissional dos engenheiros e tinha a intenção de fazer uma gestão de vanguarda caso me tornasse presidente do Crea. No entanto, fomos impedidos –  eu e outros candidatos – de participar com lisura do processo eleitoral e isso é extremamente antidemocrático, sobretudo num momento em que o país passa a limpo as relações entre grandes empreiteiras (que são empresas de engenharia) e o poder público, denunciando e investigando escândalos”.
 
Quanto a Lúcia Vilarinho, mergulhou em profundidades abissais. Segundo sua assessoria de imprensa, ela viajou não se sabe exatamente para onde. Talvez Rio de Janeiro.
 
Dos 45.500 associados do Crea-ES, pouco mais de dois mil foram às urnas, ou seja, menos de 5% do colégio eleitoral, segundo estimativas de Jorge. Esse número  contrariou expectativas de que nessas eleições, em face de um numero maior de candidatos – sete – e da disputa acirrada, haveria um interesse maior dos eleitores: esperava-se algo entre 3.500 e 4.500 votantes.

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