Nomeação da promotora, aliada de Eder Pontes, deverá ser oficializada nesta quinta-feira
O governador Renato Casagrande anunciou nesta quarta-feira (25) que vai acatar a escolha dos membros do Ministério Público Estado (MPES) na eleição à procuradoria-geral de Justiça e nomear para o cargo a primeira colocada da lista tríplice, a promotora Luciana Gomes Ferreira de Andrade, em ato que deverá ser oficializado nesta quinta-feira (26). Luciana é aliada do atual procurador, Eder Pontes, e foi eleita na última sexta-feira (20), com 168 votos (do total de 286). A posse será no dia cinco de maio, com mandato até 2022.
Casagrande se reuniu com Luciana Andrade nesta quarta, no Palácio Anchieta. Ele teria 15 dias para fazer a escolha após o recebimento da lista, mas resolveu comunicar logo sua decisão. Na lista tríplice, além de Luciana, estavam o principal opositor do grupo de Eder nos últimos anos, Marcello Souza Queiroz, que recebeu 146 votos, e Adelcion Caliman, com 110 votos.
Em quarto lugar, ficou o promotor de Justiça Luciano da Costa Barreto, com 107 votos. Com exceção de Marcello Queiroz, os demais concorrentes também eram considerados aliados do atual procurador-geral, que desistiu da reeleição no início deste mês, em um movimento que surpreendeu o mercado político e até mesmo os membros do MPES.
Luciana Andrade é secretária-geral do gabinete de Eder e coordena a Assessoria de Gestão Estratégica. Ela já estava em cargo de confiança nas primeiras gestões de Eder e da ex-procuradora-geral Elda Spedo, que se candidatou em 2016 para garantir o poder nas mãos do aliado, após sua reeleição. Ele voltou a disputar em 2018, venceu a lista tríplice por um voto de diferença de Marcello Queiroz, e foi o escolhido do ex-governador Paulo Hartung.
Desde que anunciou a desistência de tentar mais uma reeleição, que seria seu quarto mandato, ganharam ainda mais força nos bastidores os comentários de que Eder estaria se preparando para buscar uma cadeira no Tribunal de Justiça do Estado (TJES), com a vaga que será aberta com a aposentadoria do desembargador Sérgio Gama, sem no entanto perder sua influência no MPES.
Na reta final da disputa, ele teria percorrido municípios do interior em apoio à candidatura de Luciana. Membros do MPES consideram a atual estratégia do procurador-geral semelhante à efetivada com Elda Spedo.
Eder Pontes anunciou sua saída do pleito quando já estava em plena campanha eleitoral. “Razão de ordem pessoal, de impreterível atenção, me levou à tomada dessa imediata e importante decisão”, justificou, em requerimento protocolado no órgão ministerial (Gampes 2020.0005.6455-53) e nota divulgada aos membros, segundo ele, “após muito refletir”. Ele havia sido o primeiro a registrar candidatura, em janeiro passado.
“Saio consciente do cumprimento de meus deveres e dos compromissos institucionais nesses quase seis anos de mandato”, completou, listando suas ações, sem citar, porém, as polêmicas registradas em 2019 que envolveram denúncias, embates com o deputado estadual Sergio Majeski (PSB) e a associação de servidores, além da aprovação de 307 cargos comissionados.
Perfil
Luciana Andrade é natural de Taubaté (SP) e tem 44 anos. Iniciou a carreira no Ministério Público do Estado em março de 2003, como promotora de Justiça substituta na Promotoria de Justiça de Vila Velha. Atuou em várias comarcas do Interior do Estado, como Barra de São Francisco, Linhares, Aracruz, Montanha, Mucurici, Rio Bananal, Cachoeiro de Itapemirim, Piúma, Vitória, Serra e Viana.
Em 2011, foi promovida, por merecimento, para atuar na entrância especial. Atualmente é titular na matéria de Execução Penal na Promotoria de Justiça Criminal de Viana.
Trabalhou nas diversas áreas de atuação do parquet, com as matérias Criminal, Cível e Infância e Juventude, com destaque na área das execuções penais, onde integrou o Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (Getep), desde a criação, em 2006. Seis anos depois, assumiu a função de secretária-geral do MPES na primeira gestão do atual procurador-geral de Justiça, função que ocupa até hoje.